Sonone Luiz Vilela Carvalho Junqueira
PONTO
DE VISTA
O ontem é um passado recente, mas é
passado. O homem de ontem tinha uma vida melhor e não sabia. Isso é uma
assertiva verdadeira? Bem, pode ser! Depende da ótica de análise e essa ótica
não mudará o acontecimento passado.
Acredito que isso é interessante, pois o
tempo é um recurso imediato. Ou usa ou não usa. Já passou! Quantos recursos
perenes nós temos e não usamos? Vários, creio eu.
O homem, independentemente, se de ontem ou se
de hoje, é um ser perdulário. Isso posso afirmar. Perde-se tempo em demasia e
não usa todos os recursos disponíveis. A
questão do progresso e do desenvolvimento passa por aí, pois é o aproveitamento
das oportunidades e aproveitamento, sobretudo do tempo disponível ou em
potencial, que não se faz.
Nesse caso, o ontem deve ser olhado para
perceber as diferenças de evolução e se posicionar adequadamente no sistema.
Saber o que se quer e fazer aquilo que se quer. Usar da experiência para
reorientar rumos.
Somente a educação (conhecimento) e o
gerenciamento dessa educação consegue isso, no meu entender. Então,
independente do passado ou do presente, o que interessa é usar a experiência
que já se tem para alavancar um futuro de realizações e sucesso.
Esse é o homem focado e consciente daquilo
que dispõe para suas transformações pessoais e coletivas.
O
momento é de análises diversas e críticas severas com respeito às políticas do
conhecimento (educação), como um todo. Interesses diversos. Momentos e
experiências novas vivenciadas e conectadas pelos atores principais que somos
nós, os cidadãos, mas que nem sempre decidimos.
Convênios,
intercâmbios à disposição, mas que de certa forma, obscuros. Não sei! Nós,
somos um país independente, mas súdito de economias predadoras. Uma situação
que parece cômoda para aqueles pseudos gestores que normalmente decidem. Fundamentar o
conhecimento e gerar esse conhecimento. Depois gerir esse conhecimento. A
questão fundamental desse conhecimento é a sua gestão com objetivos reais e
concretos para a transformação inteligente da sociedade.
Podem-se ter as melhores ideias
transformadoras e redentoras da educação (conhecimento), mas se não forem
geridas com competência, não produzirão os resultados necessários.
Se não forem geradas do cidadão para o
cidadão e para o bem da coletividade, não servem para nada. Esse é um ponto de
vista!
O tempo é precioso e devemos aproveitá-lo de
forma coerente seja de forma pessoal ou coletiva. Precisamos de lideres
comprometidos com o bem e que possam representar os interesses do cidadão
(nosso), para o cidadão. Tarefa hercúlea, mas não impossível...
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A TESOURA
·
Em1933, lá no século
XX, o casal teve sua primeira filha. Moravam na fazenda e lá pelo final da
década e início dos anos quarenta, mudaram para a cidade de Ituiutaba-MG. A
filha precisava estudar. A mãe e o pai lutavam pela instrução dos filhos que
vieram nascendo - cinco no total. No
passado isso só era possível, uma boa educação escolar, lá pela cidade do Prata
ou mais para a frente – Araguari, Uberaba ou outras cidades maiores. Agora,
Ituiutaba já tinha escolas promissoras. Ficava mais fácil. Junto
com a mudança, vieram as novidades que sempre chegam e, chegam também mais
necessidades. Necessidade de boa apresentação, de boas vestimentas... e por aí
afora. A mãe entrou para aprender a arte do
corte e da costura. Habilidosa com era, num instante, tornou-se costureira
primorosa e, para a família, era a artífice de todas as horas.
·
O pai, quando viu o carinho e a habilidade da
mãe de seus filhos, foi lá na “Casa do Valico” e encomendou uma tesoura de
qualidade reconhecida e presenteou sua esposa com aquele artefato.
·
Realmente, aquela tesoura ajudou numa série
de execuções de partituras primorosas, de confecções de roupas especiais para a
família. Foi vestido de formatura da primeira filha; vestidos de casamento;
calças diversas para os filhos que foram crescendo e ficando exigentes; Para o
marido; Roupinhas para os netos que foram surgindo e as próprias roupas, porque
eram da “grife” doméstica e especial.
·
O tempo, esse deus cronológico implacável,
transformou o brilho do aço da tesoura, em um prateadocinzento, que a ferrugem
nunca conseguiu atacar e, o carinho com a lima ou pedra de afiar, nãodeixou
mutilar suas lâminas que permaneceram perfeitas e ativas. Vieram netos
,bisnetos, ”tataranetos” e modificações diversas nos costumes e usos da vida e
da sociedade. Vieram e atravessaram as ruas da cidade. Entraram pelas casas,
assim como o rádio, a televisão, os computadores, os celulares e todo o tipo de
modernidade. A
tesoura continuou por acompanhar a sua operadora e a “criar” milagres na arte
da costura. Veio também a viuvez e a dor da perda de dois filhos – uma difícil
adequação para a esposa dedicada e para a mãe amorosa. Mas são os desígnios
ditados por Deus. “Temos que compreender”. Quem
está vivo tem sempre necessidade de vestimentas. A tesoura continuou a atuar e
a distrair sua operadora, das tristezas e mazelas do momento.
·
A
cidade, com certeza cresceu. As ruas se modificaram. De pedras, por
pavimentação, surgiu o asfalto moderno. A modesta casa, que quase era de
periferia, virou centro. Nada disso impediu a vida de fazer cumprir suas metas,
estabelecidas pelo Criador Maior e, o tempo veio passando. No calendário, adentramos
ao século XXI, com suas promessas e com suas ameaças.
·
·
·
A tesoura continuou sua missão: cortar e
formatar modelos de roupas para vestimentas ou não. Seja para quem for, seja
para qual necessidade imediata. Uma certeza essa tesoura sempre teve – aquela
costureira sempre a tratou e a tratava com omaior desvelo e nunca descuidou dos
cuidado inerentes e necessários ao bom funcionamento de seus atributos
funcionais. Veio então, no roldão das
modernidades, a explicitação de um antigo hábito do que parecia ser de uma minoria, em tese, que desaguou na casa da dona da
tesoura. Ladrões! Esses perversos agentes, que na maioria das vezes agem na
calada e na surdina, para surrupiar aquilo que a dignidade não lhes deu e que a
safadagem urdiu fazer. Pois é! Levaram muitas
coisas, aproveitando da simplicidade das circunstancias e do oportunismo
malfadado de suas intenções. A casa ficou visada. Vieram uma, duas, mais vezes
vieram. Os moradores se defenderam –grades, ferragens diversas... Parecia
brincadeira. Não se sabe se eram os mesmos. Nunca eram vistos. Só se via a
ausência dos objetos e o estrago gerado.” BO(Boletim de Ocorrência),porque não
foi feito? Não adianta! Nunca consegue achar. Se pega o ladrão, a lei solta.
Fica pior. Deixa pra lá.” Reforçado
a segurança, tomado boas providencias mas,”a classe”, deve ter algum outro tipo
de proteção. Vieram de novo. Arrombaram a porta e, como não tinham muito o que
levar, da modesta vivenda, levaram a tesoura quase centenária, como sua proprietária
– vai ver que pensaram que era de prata. Tempos modernos, velhas práticas
pernósticas. E foi então que a centenária proprietária chorou. Chorou quase
como chorou pelo marido, pelos filhos. Chorou de tristeza bruta, pois nem mais
seu instrumento de distração de todas as dores, tinha mais. O que seria então
da vida... Esperava o corte, agora, pela tesoura de Deus...
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Sonone Luiz
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