segunda-feira, 21 de novembro de 2016

Crônicas da Adelaide




A necessidade de ser forte
Adelaide Pajuaba Nehme - ALAMI

Em determinadas situações não é fácil ser forte, porém quando se consegue vencer barreiras e vicissitudes, pode se considerar um deles. A relação de obstáculos, e dificuldades, em sua grande maioria é intransponível. Ao analisar, o que foi definido nada melhor do que raciocinar… Vejamos:
“SER FORTE…É amar alguém em silêncio… É irradiar felicidade quando se é infeliz… SER FORTE… E tentar perdoar alguém, que não merece perdão… É esperar quando não se acredita no retorno… SER FORTE… É manter-se calmo, num momento de desespero… É demonstrar alegria quando não se sente… SER FORTE … É sorrir, quando se deseja chorar… É fazer alguém feliz, quando se tem o coração em pedaços… SER FORTE… É consolar alguém, quando se precisa de consolo… É calar quando o ideal seria gritar a todos sua angústia… SER FORTE … É elogiar quando se tem vontade de maldizer… SER FORTE… É ter fé naquilo que não acredita… Por isso por mais difícil que sua vida possa parecer, ame-a e seja FORTE”
A palavra têm sentido amplo ou restrito, porém seu significado a qualifica ou a diferencia.
“A palavra mais egoísta… “EU” Evite-a. A mais satisfatória… “NÓS” Use-a. Apalavra mais venenosa …“EGOISTA” Destrua-a. A mais usada… “AMOR” Valorize-a. A mais prazerosa … “SORRISO”Mantenha-o. Porém aquelas que se espalham mais rapidamente “FOFOCAS”… Ignore-as. A palavra que às vezes é a mais difícil …“SUCESSO” Conquiste-a. A palavra mais destruidora …“INVEJA” Distancie-se dela. A palavra mais essencial … “CONFIAR EM DEUS” Acredite nisso, acredite mesmo…”
O texto é verdadeiro e deve ser analisado, refletido e colocado em prática… Fazer o que é devido, não causa transtorno para quem está convicto…


Adelaide Pajuaba Nehme- ALAMI

segunda-feira, 7 de novembro de 2016

Crônicas de José Moreira



Sociedade do medo 
José Moreira Filho


 Há um sentimento que se avoluma cada dia mais na sociedade moderna, um sentimento nefasto para o qual parece não haver antídoto. Manifesta-se em todos os níveis sociais e por mais sofisticadas que sejam as parafernálias de segurança, não bastam para saciar seus efeitos. Chegamos ao ponto de em uma manhã bonita ao raiar do sol, olharmos para o céu e incrédulos nos perguntarmos: onde está Deus?
Na verdade, nosso ceticismo não é em relação a Deus propriamente, pois se cremos nele sabemos da perfeição da sua obra, perfeição essa que inclui o livre arbítrio do homem, que é onde está o caminho que tem sido traçado e que parece conduzir a humanidade cabalmente para o caos. Assim muda-se a pergunta: onde está o homem? Essa questão nos lembra Diógenes de Sinope, o filósofo grego que a plena luz do dia andava pelas ruas de Atenas com uma lanterna acesa, dizendo estar à procura de um homem honesto. Pois, infelizmente, essa obra que parece prima pela beleza, pela perfeição estética e pela razão, foi manchada pelo mau uso da liberdade. Aí, o plano da criação, que tem como objetivo a felicidade, rompe-se por conta da ingênua certeza da infinitude, que por sua vez conduz o homem à ganância, ao culto aos bens materiais, aos prazeres mundanos, caminho horizontal que alarga a quantidade, mas que definha a qualidade e cega a visão vertical que nos levaria para o alto.
Esse aludido sentimento é o MEDO! Medo, que faz o policial ao sair para o trabalho, dizer não saber se volta. Medo que a estudante ao sair da escola noturna requer companhia. Medo do cidadão ao chegar em casa após o trabalho por suspeitar de assalto. Medo do trânsito, medo de doenças contagiosas, medo do terrorismo, medo da pedofilia, medo dos acidentes naturais, medo da homofobia e por fim medo do sistema.
Parece que até passamos a temer o medo. Na verdade, é um sentimento que nos acompanha desde que começamos a deixar o amparo das asas maternas. Daí temermos a professora, o padre, o pastor, o dentista, o patrão, o desemprego, o estranho e muitas circunstâncias da vida. Mas na formação dessa cultura do medo, a mídia tem muita responsabilidade. Como o crime dá ibope, a televisão explora esse viés da informação e acaba por banalizá-lo. Com isso retira da sociedade a indignação, a sensação do absurdo quando vemos um ser humano sendo assassinado, esquartejado e espalhado em lugares ermos. O medo fica recluso, a insatisfação contida e as mudanças necessárias emperradas. Embora fale-se do medo como tema central do século XXI.
Por tudo isso somos uma sociedade que vive junto, globalizada, mas que não caminha junto. Suplantada pelo individualismo, alimenta-se de egoísmo não admitindo diferenças, tornando-se, portanto, intolerante, agressiva e excludente.
Portanto, é razoável nosso medo, mas não aceitável. Não podemos aceitar que o outro seja um inimigo em potencial, até prova em contrário. Senão, o caminho é esse mesmo que estamos trilhando, fabrico de armas cada vez com maior poder de destruição. O tráfico desenfreado de drogas, armas e influências e políticas públicas embasadas no interesse de grandes glomerados financeiros.
Não há dúvida, se a vítima é a sociedade, é ela que precisa se organizar para controlar a violência em todos os sentidos. Requer ação urgente e planejada de ONGS, Clubes de serviços, Comunidade de bairros, etc. É o caminho para minimizar esse sentimento que só tem crescido, principalmente diante do desinteresse de muitas autoridades perante tal situação, bem como o desespero provocado pelo desemprego.


segunda-feira, 12 de setembro de 2016

Crônicas de Whisner Fraga

 







UMA NOITE

Whisner Fraga é escritor.

Os pingos repisam o telhado de alumínio de uma construção aqui perto. O barulho não incomoda, mas é o bastante para me acordar. Ainda um pouco perdido, entre a indigência e o sonho, afino os olhos, descontamino a audição e estou quase pronto para me levantar. Sou curioso com chuvas. Os pés combinam o frio com o chão. O vento atiça a janela, que uiva. Olho para o lado, corro ao outro quarto: tudo dorme.
Não quero atrapalhar a mansidão da noite. Então vou para a sala. Desembaraço as franjas da cortina, contendo a ansiedade. Um cheiro de trinta anos me traz a criança de novo. O capim recém-podado sua uma verdade verde, distante. A fome então era vergonha e era comum, mas todos se ajudavam: havia horta por todo o canto, havia compaixão.
Minha mãe areava o piso e os solventes nos pegavam desprevenidos. Tomávamos leite depois, pois não sabíamos o que aquela química podia provocar na gente. Química ainda era algo místico para nós. Mas dava gosto ver o brilho mais tarde, a casa inteira resplandecente para as visitas que jamais tínhamos.
E aquela água toda era um flagelo: o mato que tomava um tempo do jardim. Tudo aquilo gostava de chuva e as pragas também. A noite não chega a ser assim, porque abro a veneziana e sugo a incoerência das horas estagnadas. Há um cerco de prédios e o concreto não é bom de prosa. Fazia um tempo que não chovia e agora era como andar de bicicleta: tudo brotava com naturalidade.
As gotas martelam espuma. Deve ser quase dia, mas eu não estou curioso para saber. É bom estar sozinho, é bom ser assombrado pelas lombadas de obras que jamais lerei. Um sobressalto quando penso que tudo aqui poderia estar inundado pela ignorância de uma enxurrada. Seria ruim que as letras que nunca lerei fossem carregadas da leitura de outros. Isso não saberemos. Só podemos saber um tantinho do agora. E mesmo assim muito pouco, quase uma fofoca.
Não me importa se não volto para a cama. A fragrância daquela poluição lavada é muito diferente da outra, de trinta anos. Tampouco a chuva é a mesma. Mas a memória preenche essas lacunas e transforma essa mistura em lembrança. Onde estão agora esses ruídos, essa condenação, esses fracassos que me despertaram? Onde estão os odores que enclausuramos em cada desapontamento?
A chuva. Ah, a chuva passa.




segunda-feira, 8 de agosto de 2016

A “salinha” – Arth Silva



Quando eu era muleke, por volta dos meus 8 a 12 anos de idade, eu ia lá na locadora de fita de vídeo da minha cidade (Soft Vídeo) e as vezes passava do lado da salinha dos filmes pornô. Sem que ninguém percebesse, eu me aproveitava enquanto meu pudor se descuidava e, sorrateiramente lançava meu olhar periférico, mais conhecido por aqui como “rabo de olho”, nas capas das fitas pornô dentro da salinha; pela eternidade de 2 segundos eu apreciava o relance do pecado. Aquilo era fascinante. Mas eu não tinha coragem de entrar lá; só olhava de longe. Eu era o muleke mais tímido que existia na América do Sul; morria de vergonha de alguém me ver lá dentro. Se eu percebesse que me viram só olhando eu já iria desistir da vida e querer tomar leite com manga (suicídio letal dos anos 80/90)

Mas eu morria de vontade de entrar lá. Entre as prateleiras de filmes de aventura eu só me imaginava um dia entrando na salinha pornô! Pra ter uma ideia, naquela época o máximo que eu via de uma mulher seminua era na banheira do Domingo Legal do Gugu.

O tempo foi passando, a vontade aumentando e uma vez fiquei lá na locadora por horas a fio fingindo procurar filmes de terror, esperei não ter mais nenhum cliente e o atendente ir no banheiro pra que ele não me visse entrando na salinha... Daí, quando eu já ia entrar pensei: vai que eu entro, ninguém me vê, mas e quando eu for sair? Já pensou se dou de cara com a minha mãe? Com algum colega da catequese? Ou pior, dou de cara com a menina que eu era apaixonado na escola? Fiquei ali tanto tempo tecendo medos e obstáculos que quase 10 anos se passaram.

Quando eu tinha já lá pelos meus 17 anos de idade finalmente, já com barba na cara, estufei o peito, criei coragem e entrei na cobiçada salinha pornô da locadora. Quando entro lá, dou um suspiro de alívio por ter vencido o desafio, limpo o suor frio da testa, olho pro lado e quem eu vejo? A guria que eu era apaixonado durante a infância, exatamente aquela que eu temia que me visse saindo da sessão pornô em meus devaneios absurdos da meninice. Olho pra ela, ela me olha, damos um rápido cumprimento um pro outro e eu saio da salinha.
... Chega, desisto, essa vida não faz mais sentido algum...


Arth Silva é escritor, desenhista, designer e redator publicitário, especialista em perder canetas azuis.
Autor do livro "Contos à Queima Roupa" e da coletânea de memórias dos idosos de Ituiutaba "Gavetas da memória" e "O tempo e a vida"
Seus trabalhos literários podem ser lidos na página "Sonhando a Deriva".
fsarthur@yahoo.com.br

quarta-feira, 3 de agosto de 2016

Crônicas da Adelaide Pajuaba

 




“AMIGOS PARA SEMPRE”

Comemorou-se nesse mês de julho, com muita expressividade o “Dia do Amigo”. Quanto adjetivo, quanto vocabulário para identificar um grande amigo… Desnecessário… Amigo é amigo e pronto…!!! A própria palavra diz tudo, se é amigo, o será sempre sem meio termo… Quando se destaca uma pessoa como tal, é fim de linha… Sem duvida uma das coisas mais sérias que existe. Não se brinca de amigo; pelo menos na concepção daqueles que sabem sê-lo sem reservas. Trair a confiança, menosprezá-lo, magoá-lo, substituí-lo é inadmissível… Só o amigo sorri e se empolga com sua felicidade… Sem aparato e rodeios. Segundo um palestrante, só pessoas boas e éticas têm “amigos”… os outros são conhecidos e concorrentes; diz ainda que “aqueles” que se dizem amigos, não suportam o sucesso, a felicidade e as conquistas do outro… Será verdade ?! Há quem concorde… E ele completa:” Basta olhar nos olhos daqueles que se acercam, quando você está feliz”… “A vida nos dá os irmãos, mas o coração escolhe o amigo” “Amigo não se procura, o coração encontra” “Fazer amigo é um dom; ter um é uma graça; Conservá-lo é uma virtude”…”Único sentimento maior que a amizade é o amor de Mãe”. São tópicos em evidência pelo dia, e que devem ser observados, pela importância… Afinal trata-se de “AMIGO”… O cantor e compositor Osvaldo Montenegro, na música “A Lista” assim se expressa com relação ao assunto:
Faça uma lista de grandes amigos, quem você mais via há dez anos atrás; Quantos ainda vê todo dia, quantos você já não encontra mais… Faça uma lista dos sonhos que tinha, quantos você desistiu de sonhar Quantos amores jurados para sempre, quantos você conseguiu preservar?
Onde ainda se reconhece, na foto passada e no espelho agora, Hoje é do jeito que achou que seria. Quantos amigos você jogou fora… Quantos mistérios que você sondava, quantos conseguiu entender? Quantos segredos que você guardava, hoje são bobos ninguém quer saber…
Quantas mentiras você condenava, quantas você teve de cometer Quantos defeitos sanados com o tempo… Eram o melhor que havia em você… Quantas canções que você não cantava, hoje assovia pra sobreviver, Quantas pessoas que você amava, hoje acreditam que amam você…
Que se tenha sempre bons e grandes Amigos…Aqueles que sorriem e chorem juntos…
Adelaide Pajuaba Nehme- ALAMI -



sábado, 23 de julho de 2016




AS MARCAS DE NOSSOS PASSOS 
Saavedra Fontes

No solo que eu pisei em minhas andanças, deixei marcas difíceis de serem apagadas, pois tenho vivido muito. É tanto o caminhar, que às vezes penso como puderam meus pés sustentar o peso de meu corpo e de minhas preocupações. Ando com os olhos nas nuvens, por isso são tantos os tropeços. Mas após cada queda sempre surge um homem novo, reequilibrado, feliz e este homem sou eu. A vida é assim mesmo, o problema é que nem todo mundo a reconhece como mestra, sempre a têm como algoz. Costumo dizer que a palavra mais linda do dicionário é “felicidade”, termo que engloba tudo o que é bom, amor, carinho, compreensão, prazer e muito mais.
Certa vez acolhi uma cadelinha “basset”, que havia sido atropelada no meio da rua e morreria se alguém não a socorresse. Foi um presente que recebi inesperadamente. Descobri com ela que a gratidão no mundo animal é muito mais explícita do que no homem. Não sei que nome teria antes, mas passei a chama-la de “felicidade”, tamanha era a alegria que ela transmitia. Reinou na minha casa por um curto tempo e morreu. Felicidade tinha as pernas curtas e a idade avançada, eu não sabia. Porém fazendo jus ao nome corria demais, chegou rápido ao fim. É o destino de toda felicidade ser efêmera... Mas deixou uma saudade enorme e um exemplo extraordinário de boa convivência.
Agora reflitam se felicidade não é isso mesmo. Eliminem do coração a inveja e o orgulho, o simples fato de superá-los causa imensa sensação de alegria. É como se numa batalha mortal fôssemos os vencedores, saindo ilesos e com imensa experiência para continuar vivendo. Há quem vê a felicidade como algo distante e impossível de ser alcançada, mas se enganam. Às vezes as menores participações são as que que nos envolvem de verdadeiro contentamento. Ser feliz é antes de tudo um exercício constante de nosso espírito, que sabendo moldar nossa personalidade nos faz pleno de satisfação e paz. Certa vez, há muitos anos, li no Reader Digest, que se a alguém acordar e começar a sorrir nas primeiras horas da manhã, inevitavelmente vai sorrir o resto do dia. Utilizei o conselho e confirmei a veracidade do fato.
Já dizia o um conhecido meu, “Luiz Fogueira”, assíduo filósofo de botequim, ao ser informado de que cachaça causa a cirrose e mata, retrucou “que o que tira a vida das pessoas é o pensamento”. Seu optimismo o mantém vivo até hoje, apesar do vício. Bens materiais, dinheiro, poder, que nada! Felicidade é saúde e bem estar, é o prazer de uma boa companhia, é uma família unida. Felicidade são os valores morais conquistados e o respeito adquirido durante nossa existência. Essas são as verdadeiras marcas de nossa passagem pela vida. Para consegui-las é preciso que a gente suporte o peso de nossa consciência e que pise forte o suficiente para deixar marcas, que permanecerão indeléveis como exemplo. Felicidade é chegar ao fim da vida e recolher nos filhos, através do olhar e dos gestos a gratidão por tê-los ensinado a caminhar.




segunda-feira, 11 de julho de 2016

Crônicas de Whisner Fraga










O inato despropósito de incomodar os outros

Whisner Fraga é escritor. -ALAMI -

O casal ia distraído, imerso em uma felicidade particular, exteriorizada pelos comentários insignificantes, ditos baixinhos, pelos olhares, um pouco cúmplices, outro tanto narcisistas, pelas gargalhadas. E, é claro, a alegria alheia incomoda. Foi assim que um senhor os abordou. Parei ali perto para acompanhar os desdobramentos dessa impertinência.
– Vocês sabem que têm uma qualidade muito bacana, mas um defeito grande? –disparou o homem aos dois.
Os três se estudavam, achei que aconteceria uma retaliação ou pelo menos aqueles que vinham contentes ignorariam o comentário e continuariam a caminhar. Mas não. Houve silêncio durante um tempo razoável. Até que a curiosidade vence:
– Como assim?, o garoto replica.
– Vocês são lindos. Essa é a qualidade. E sabem disso. Esse é o defeito.
Pensei comigo que saber de algo não pode ser um problema. Nunca poderá ser. O que fazer com algo que sabemos, aí sim, pode ser complicado. Mas o casal parecia que não dava a mínima para o mundo e, sob meu ponto de vista, isso é algo bom. Continuei rondando. Levantava a cabeça para o céu, folheava um livro, mas desconfiava que os três sabiam de meu intuito. Será que o garoto ia prosseguir? A moça seguia abraçada a ele, em silêncio, orgulhosa do namorado.
– Obrigado, decidiu o rapaz, envaidecido com o elogio.
Parece que não ligaram para a crítica. Achei bom. O casal, sabedor de sua beleza, convencido da importância para eles próprios de sua graça, não se deram conta da crítica. Simplesmente a ignoraram. Absorveram muito bem o elogio – para eles talvez uma constatação apenas, e assim julgaram aquele homem uma pessoa boa e sensata.
Como defendi, eles sabiam que eram bonitos. Que mal há nisso? Há tanto tipo de beleza por aí! E, imagino, que eles se considerassem belos apenas um para o outro, que é o que realmente importa. Escrevo isso porque, sinceramente, eles não poderiam ser encaixados nesses padrões de beleza impostos pela indústria hoje. Não eram tão magros, não eram tão altos, não eram tão claros. Mas muito bonitos, tenho de concordar com o senhor ranzinza que os abordou.
Mas não defendo a abordagem. Sou a favor do livre direito de se caminhar pelas ruas de qualquer bairro sem ser assediado. Sou a favor da felicidade, doa a quem doer. Sou a favor do abraço e do passear sem destino, a favor do sorriso, dos comentários banais e da beleza de acordo com os critérios de quem a vê. O casal era lindo, mas isso só interessava a ele.


quinta-feira, 7 de julho de 2016







O Valor do Pensamento Positivo

Marleida Parreira Rocha

  Muitos estudiosos observaram, pesquisaram e afirmam que nosso corpo é como um imã vivo que atrai tudo aquilo que ocupa a maior parte de nossos pensamentos, crenças e desejos e que, talvez, não conseguimos conquistar o que almejamos porque permitimos que as dúvidas, os medos e as inseguranças bloqueiem e interrompam a ação positiva do cérebro, emitindo vibrações contrárias, enfraquecendo nossas crenças, impedindo que sonhos se concretizem.
É preciso acreditar em nosso potencial, pedir a Deus que fortaleça a fé e fazer um exercício para limpar da mente os “vírus” que outros foram enviando ao “nosso sistema” quando nos julgaram incapazes, não creram em nossas possibilidades e lançaram sobre nós apenas críticas destrutivas.
Diante do Pai somos valorosos e não há ninguém que não seja portador de algum tipo de dom. O ser humano é dotado de defeitos e virtudes e é necessário que as boas qualidades sobressaiam às ruins. Pais e educadores têm em mãos  oportunidades raras de contribuir para o sucesso de filhos e alunos através do elogio, da crítica construtiva, do estímulo ao otimismo e à transmissão de valores indispensáveis á boa formação do indivíduo.
Segundo Sêneca, “Nenhum vento sopra a favor de quem não sabe para onde ir.” Assim sendo, devemos estar vigilantes, deixando claro para nós mesmos o que realmente queremos, procurando acreditar, de verdade, que se o Criador permitir, é possível que aquilo que desejamos se realize, fomentando sempre atitudes e pensamentos positivos, incluindo boas energias em nosso campo vibracional.



“ Aquilo que temo me sobrevém, e o que receio me acontece.” Jó 3:25


“Nunca espere algo que não deseja, e nunca deseje algo que não espera. A mente é um imã e atrai o que quer que corresponda ao seu estado dominante.” (Dr. Raymond Holliwell)

terça-feira, 28 de junho de 2016

Crônicas de Whisner Fraga






 Domingo, de manhã

Whisner Fraga - ALAMI


Nasci num domingo, o que talvez explique um pouco essa melancolia levemente pragmática e esse vazio indômito e persistente. Corro ao calendário: Helena veio à luz em uma terça. Preocupo-me com o que deixarei para a menina, porque aquela utopia de mundo melhor e pessoas mais civilizadas caiu por terra, como esperado. Pergunto a Ana se o fato de termos tão poucos amigos não seria muito prejudicial para uma filha única. Aparentemente seria. Mas o que fazer?
Apelo para a memória e não consigo encontrar o momento em que a timidez me forçou a essa convivência limitada. Não que eu não goste do silêncio e da solidão. Até porque todos concordam que o isolamento é muitas vezes necessário, para que consigamos raciocinar longe do ruído recriminador e moralista dos outros. Helena aprenderá isso, mas espero que saiba dosar essa necessidade.
– Você não quer que busquemos a Duda para ficarem aqui em casa?
Dá de ombros a menina e sai em disparada para o quarto. Pouco depois traz alguns bonecos e pede para que brinque com ela. Sou ruim de brincadeiras infantis, mas cedo. É quase um sacrifício abandonar o livro, mas ela já não me deixava seguir a leitura.
– Papai, não é verdade que as folhas parecem pássaros?
Helena e sua curiosidade nos arrastam para outras suposições, para outros desdobramentos. Então está frio e, uma criança, o apartamento fechado, os gatos indóceis e a poluição são ingredientes certeiros para a rinite. Helena chega com o nariz entupido e decido que precisamos sair. São Paulo não é boa com as crianças: tudo é longe e demorado. Mas devemos passear: a casa se enjoou de nós e também precisa de solidão.
Vamos para o parque da Água Branca. Lá, a feira de alimentos orgânicos, as copas das árvores, o cheiro de bosta de cavalo, a companhia dos pombos, pavões, patos e gansos nos trazem de volta uma harmonia quase desesperada com a realidade. Tomamos um café supostamente mais puro, comemos um ovo mexido supostamente livre de antibióticos e outras ameaças. Em determinando instante, não temos escolha: o que havia para ser feito foi feito e precisamos voltar para o ar insalubre de nossa sala.
– Papai, você me ajuda a escolher outra meia, que esta molhou?
Não há meias o bastante no baú: esta não serve, esta também não. Ela quer uma antiderrapante com o desenho da Marie. Só que essa não existe, talvez nunca tenha existido. Se ela tivesse alguma amiga por perto talvez pudesse falar de sua frustração por não ter uma meia antiderrapante com o desenho da Marie. Decidimos que vamos ligar para a mãe da Duda e que buscaremos uma companhia para nosso domingo. Vamos contar a novidade para Helena, mas ela está encostada em uma almofada. E dorme.


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segunda-feira, 6 de junho de 2016

Crônica de José Moreira Filho

     
















          Máximo e mínimo

Na vida, muitas vezes, vivemos entre dois extremos: o máximo e o mínimo. A busca pela tal da otimização, em algumas situações, acaba levando o indivíduo à angústia, ao se sentir incapaz de cumprir determinadas metas exigidas pelo trabalho. Mas, na verdade, o dono de seu tempo é você mesmo, portanto só você pode determinar prioridades em sua vida. E essas prioridades dependem de sua valoração. Procure identificar o que é mais importante para você. Por exemplo, talvez levantar-se da cama meia hora mais cedo e fazer de seu simples cafezinho uma refeição, que aliás, segundo especialistas é a mais importante do dia. Dizematé que se deve tomar o café da manhã como um rei, almoçar como um príncipe e jantar como um mendigo. Pedagogia popular, mas que reflete um ensinamento nutricional que nossa saúde agradece.
Na verdade, eu costumo dizer que todo extremo é perigoso. Não se organizar e deixar as obrigações sempre para a última hora, obedecendo a lei do menor esforço, dispensando o mínimo de energia em suas obrigações, também não é nada produtivo e acaba conduzindo-o no final, ao mesmo estresse indesejado e maléfico produzido pela otimização extrema. Assim, o melhor mesmo é procurar selecionar seus compromissos, descartando aqueles que estão em excesso e desnecessários, seguindo a norma latina: In mediovirtus -no meio está a virtude. Pois urgente é tudo aquilo que não foi providenciado no tempo certo.
Nas grandes empresas hoje, o Calcanhar de Aquiles tem sido conseguir equilibrar a otimização do tempo com a qualidade de vida de seus colaboradores. E mesmo na vida pessoal é muito importante que se tenha o chamado foco. Pois aí há concentração de esforços e o resultado é garantido. Isso de se admitir a multifunção, pode levar à fragmentação de energia o que conduzirá fatalmente à perda de qualidade na tarefa.De acordo com Ricardo Barbosa, Project Manager Professional e diretor executivo da Innovia Training &Consulting “O ritmo alucinante das mudanças, a avalanche de dados e informações, a pressão do mercado para se produzir mais, com menor custo e tempo possíveis, reforçam a necessidade de gestão compartilhada e produtiva do tempo para garantir lucratividade, empregos bons e estáveis com qualidade de vida”, explica ele.
Por outro lado, não faz mal lembrar que, esse descontrole entre o máximo e o mínimo de atividades na vida, leva as pessoas a não saberem usar seu tempo livre quando esse lhe é facultado. Quem é exageradamente dedicado ao trabalho, não sabe lidar com o ócio. É comum ouvirmos dizer de tal pessoa que adoeceu após a aposentadoria. Para muitos, feriados ou dias de folga é motivo de pânico.
O conselho que se tem de psicólogos é tentar não se render aos apelos da tecnologia e querer usar todos os aplicativos de seus eletrônicos, que lhe roubariam um precioso tempo, que poderia ser usado para uma meditação, por exemplo, ou para uma sessão de “jogadas de conversa fora”, que com certeza lhe desopilaria o fígado com muito mais sucesso.


José Moreira Filho - ALAMI
moreira@baciotti.com

segunda-feira, 30 de maio de 2016

Crônicas de Whisner Fraga

                                   







                                    DUAS SÉRIES
Whisner Fraga 

A natureza dos relacionamentos humanos é essencialmente baseada em estruturas de poder, algumas consolidadas e outras em construção. Isso não é, aliás, exclusividade da espécie humana, mas não entrarei nesses meandros para não me alongar nessa discussão. Assim, o que ocorre hoje na política brasileira é somente um exemplo ou uma aplicação prática um pouco mais ampla e divulgada do que acontece num contexto menor na sociedade.
Traduzindo: essas intrigas, as trocas, os conchavos, as fofocas, as compras de votos, as traições, os vazamentos, permeiam toda a extensa fauna de conexões que construímos do nascimento à morte. Esses joguinhos quase intelectuais fazem a alegria de qualquer coletividade, desde a infância. Não existissem não seriam erigidas tantas filosofias e religiões e poderíamos focar na busca da felicidade e outros acasos.
Então, nesse contexto, eu tiver de manter o equilíbrio e parar de ler jornais e de acompanhar as notícias em geral sobre nosso país. Uma decisão razoável, embora tenha de lidar com a natural curiosidade sobre o que acontece no senado. Aí fui para o Netflix. Mais especificamente ao encontro de Houseofcards e de Orange isthe new black. Evidentemente para continuar com um pé na realidade.
Comparam o deputado de Houseofcards, Frank Underwood com o nosso Eduardo Cunha. Acho que foi a analogia mais comentada por aí. Não sei se é o caso. Underwood, sem dúvida, é muito mais carismático e os arranjos que ele tem de fazer bem mais complexos. A proximidade entre a mídia e a política é bem retratada na série, a menos de alguns eventuais exageros, que no frigir dos ovos fazem parte da ficção.
Orange isthe new black é mais ousada, mais inventiva. Não se prende a convenções. Quero dizer que bobagens que fazem os telespectadores das novelas brasileiras corarem não servem nem de introdução ao assunto por lá. Gosto dessa abordagem com toques surreais. Como em Houseofcards, há várias inovações narrativas.O trio clichê sexo-poder-grana marca presença o tempo todo em ambos os casos, mas não atrapalham o roteiro.
Acho que muitos brasileiros ainda não podem abandonar a TV aberta, infelizmente. E mesmo se pudessem, acho que sintonizariam as novelas em seus respectivos horários, normalmente. Uma questão cultural. Os mesmos telejornais de sempre, herdados dos avós. De minha parte, sempre recomendo a todos um passo além. É saudável. Amanhã retomo as leituras dos cadernos políticos. Mais leve, mais crítico ainda.

Whisner Fraga - ALAMI


terça-feira, 24 de maio de 2016

Crônicas de Enio Ferreira















                                                LA GOLONDRINA

É impossível falar de cinema e não falar das musicas que marcaram época, musicas eternas que se imortalizaram através das telas dos cinemas. A música na linguagem de cinema tem a função de criar um clima no desenrolar da cena, emocionar, arrancar lágrimas, causar tensão.    Muitas vezes, a popularidade das músicas supera a das imagens, do enredo e do trabalho dos atores.

Exemplo de filmes (entre centenas) que ficaram na memória também pelas suas músicas: O Homem que sabia demais, 1956; Top Gun,1986; Grease,1978 - nos tempos da brilhantina –; Romeu e Julieta,1968; Os embalos de sábado á noite,1977; O Guarda Costa,1992; Guerra nas Estrelas,1977; Titanic,1997; Ghost: Do outro lado da vida,1990.      

Não é a toa que muitos dos principais sucessos da história do cinema são lembrados por suas músicas e são inúmeros os filmes, difícil, talvez impossível, relatar todos, mas dá pra entender o tanto da importância da musica no cinema. E em nossas vidas.

Em “Meu ódio será a tua herança”, um faroeste de 1965, eu ouvi pela primeira vez “La Golondrina” e, na verdade, a minha lembrança deste filme é justamente por essa maravilhosa canção. Canção que já atravessou mais de um século e continua cada vez mais popular e viva em nossa recordação. 


Para quem também aprecia La golondrina, um pouco da sua historia:   

La golondrina (a andorinha) é uma canção escrita em 1862, pelo médico mexicano,  Narciso Serradell Sevilla (1843-1910), que na época foi exilado para a França devido à intervenção francesa no México. A letra em espanhol usa a imagem de uma migração de andorinha para evocar sentimentos de saudade da terra natal. La golondrina se tornou a canção hino dos mexicanos exilados. Gravada pela primeira vez em 1906 por Señor Francisco e a partir daí a letra desta canção foi traduzida por quase todas as línguas do planeta e os maiores nomes da música mundial a gravaram: Caterina Valente; Nat King Cole; Plácido Domingues; Caetano Veloso; Júlio Iglesias; Nana Mouskouri; Elvis Presley e vários outros cantores famosos pelo mundo a fora.  (Wikipédia)  


Letra de La golondrina (espanhol) 
A donde ira, veloz y fatigada, la golondrina que de aqui se vá
por si em elviento, se hallara extraviada buscando abrigo y no lo encontrara. 
Junto a mi lecho le pondrés unido en donde pueda la estación pasar.
También yo estoy em la región perdido, OH Cielo Santo! y sin poder volar.
 Deje también mi patria idolatrada esa mansión que me miró nacer.
mi vida esho y errante y angustida y ya no puedo a mi mansión volver.
Ave querida amada peregrina, mi corazón ao tu yo acercare.
voy recordando tierna golondrina recordare mi patria y llorare
***
Enio Ferreira – ALAMI

quarta-feira, 18 de maio de 2016

Crônicas de Enio Ferreira

            
















    E falando de arte...  

Entre a pintura e poesia eu fico com as duas. As duas se assemelham, pois, trazem um sentimento parecido. São artes nascidas do completo silêncio e pessoalidade, é, realmente, uma criação do autor, sem interferência de outras pessoas, solitária.      
A composição de uma canção, por exemplo, até ficar totalmente pronta, tem a participação de várias pessoas – uma faz a letra, outra a música, os cantores ou as cantoras a interpretam, mais ou menos assim – E o cinema, a sétima arte, seus filmes tem a integração de produtores, diretores, vários artistas, cada um cuidando de uma parte pré-estabelecida até chegar aos expectadores. 
Mas, de uma maneira geral, o que é mesmo importante é a arte, pois, se trata de uma manifestação de tudo que vemos e vivemos, não tem como nos interagir no mundo sem conviver com algum tipo de representação artística, já que a própria natureza é a mais significante de todas as artes.
Também, a arte não é só criar a beleza, o agradável, pode, inclusive, contribuir para a compreensão da vida real e expressão da verdade. Os artistas com suas obras de artes podem chamar a atenção e buscar mais dignidade para as pessoas, uma sociedade melhor, mas justa, onde todos possam ter acesso aos bens culturais de consumo e ao lazer.                                  
Os movimentos relacionados à arte existentes no mundo – música, teatro, cinema, artes plásticas, etc., são responsáveis por um maior desenvolvimento  pessoal e social, sem estar condicionado ao financeiro, porque aí, vale mais a sensibilidade e a oportunidade de apreciar.  
Felizmente, em nosso país, a arte está bem servida, pois, o que não nos falta são artistas de talentos. Sobra para nós, a doce oportunidade de apreciar.

Enio Ferreira – ALAMI




quarta-feira, 4 de maio de 2016

Crônicas do Saavedra

        

OS FLINTSTONES


Saavedra Fontes



O norte americano tem o dom de criar fantasias incríveis no cinema e o desenho animado de Willian Hanna e Joseph Barbera é uma delas. Há mais de cinquenta anos o casal Fred e Wilma e seus amigos Barney e Beth vêm divertindo o público de todas as idades, com suas aventuras em Bedrock na era da pedra. Dino, o dinossauro de estimação dá o tom cômico e doméstico na vida do casal. Tivéssemos aqui no Brasil gênios iguais a esses para criar personagens semelhantes já os teríamos em profusão, porque modelos é que não faltam.
Fico imaginando Brasília nesse clima de “impeachment” nas mãos de Hanna e Barbera e de um estúdio cinematográfico competente. Ingredientes não faltam. Brasília seria a cidade de Bedrock. Políticos estariam correndo por entre os corredores de pedra maciça empunhando clavas e gritando impropérios, na luta pelo seu voto ou na defesa de sua inocência. Esse recebeu de propina milhões de lascas em negociatas fraudulentas, porque o mundo é o mesmo, só a era é que da pedra. Um baixinho barbudo e empinado com cara de cachaceiro, passa gritando entre os seus correligionários: -“habba-dabba-doo!”
Do lado de fora dos prédios onde rolam soltas as discussões, dois enormes bispotes, um de boca pra baixo e outro virado para cima. Grandes dinossauros esticam uma faixa de incitamento, sob as ordens Stealthy (*), rodeado de comparsas armados e ameaçadores. No momento a insatisfação com o governo de Bedrock era muito grande e facções se digladiavam para substituir o governo. Havia os que gritavam e os fala-macio, os fala-besteiras e exibicionistas de todos os tipos. Difícil é encontrar bom senso entre homens pré-históricos.
No palácio um casal discutia planos políticos para salvar o governo de derrota iminente. Arrogante, ele dava as ordens que ela, arrogante e meio, não cumpria. Acusavam-se mutuamente. Ela, afirmava haver descoberto a fórmula ideal para recuperar a economia de Bedrock, com a estocagem de vento, energia de baixo custo que poderia ser vendida para outras regiões. Ele a chamava de burra e fazia gestos ameaçadores à sua integridade física. – Onde fui amarrar minha égua? Ele se queixava”. Por fim, não conseguindo se entenderem, ela empina o queixo, levanta as narinas e o abandona falando sozinho. Ele ainda corre atrás gritando:
– DILMA!
E sua voz rouca e histérica percorreu todos os monumentos do planalto central, naturais e artificiais, despertando o tamanduá no cerrado e o veado campineiro, que alheios às ambições dos homens preferiam a proximidade dos cupinzeiros e da grama verde e fresca. De passagem, quatro turistas norte-americanos, Fred e Wilma, Barney e Beth, chegaram a comentar o atraso intelectual da dupla de baderneiros.




sexta-feira, 29 de abril de 2016

Crônicas de Enio Ferreira

            Crônicas Simples
 

















Os brilhantes olhos de dona Rita Helena
 
A beleza dos olhos de dona Rita Helena é coisa Divina - azuis como um céu sem nuvens, brilhante como diamantes lapidados. E não era para estar tão belos assim, já que ela estava padecendo de dores agudas nos joelhos provocados pela artrose e pelas dilatadas veias das pernas por causa das varizes. Mesmo assim ela não deixava ninguém ali por perto, seus vizinhos e amigos, preocupados, buscando deixar todos felizes dizendo que estava melhorando.
 
Mesmo nos seus piores dias, com seus olhos sempre brilhantes e, agora, às vezes lacrimejantes, dizia que estava melhorando, que os joelhos estavam menos inchados. Mas, todos percebiam que isso não parecia a verdade, pois, ela se apresentava mais magra e com as pernas mais grossas. Infelizmente, pela lógica natural da vida, se torna muito difícil contornar a decadência do corpo humano. Quando se chega a certa idade em que o organismo passa a não responder aos tratamentos convencionais as perspectivas de cura são um tanto remotas.
 
Acontece que, para a lógica natural da vida, tem coisas, como a Fé, que podem contrariar essa mesma lógica. E, nesse caso, o que estava certo mesmo eram os brilhantes e belos olhos azuis da dona Rita Helena. Ela dizia que estava melhorando e estava mesmo. Com a sua Fé, força de vontade de sarar e, também, na sua insistente intenção em agradar os amigos, melhorou de vez das suas doenças.
 
Ainda temos muito que aprender na leitura do brilho nos olhos das outras pessoas. 
            
Enio Ferreira – ALAMI
 
 

terça-feira, 19 de abril de 2016

Crônicas da Adelaide

 


     REFLEXÕES COTIDIANAS 



Repassar o que pode ser útil para alguém é obrigação de todos aqueles que detém qualquer conhecimento. Ser receptivo e captar com sagacidade as novidades e informações oriundas de leituras, de amigos, de mestres, de consultas, de pérolas deixadas pelos filósofos, da observação pela pesquisa de campo é muito salutar e deve ser compartilhada.As informações do dia a dia, e os conhecimentos adquiridos, enriquecem a bagagem itinerante, que só tem valor absoluto, quando repassadas. “Os dias bons te dão felicidade, os ruins te mantém forte, as provas te mantém humano, as quedas te mantém humilde, mas somente Deus te mantém de pé”… “Quando um pássaro está vivo, come as formigas; quando morre, são as formigas que o comem”… “Tempo e circunstâncias podem mudar a qualquer instante, por isso não se pode desvalorizar o que está a nossa volta. Pode-se deter o poder hoje, porém o tempo é mais poderoso que qualquer um.” “Com uma árvore se faz milhões de palitos de fósforo, porém basta apenas um para acabar com milhões de árvores…” “O mérito da informação está em sua divulgação.” “Alegria da alma constitui os belos dias da vida, em qualquer época”. “Simplicidade é a Sofisticação máxima”… “Solidariedade é não esperar nada em troca”. “Sê apoio e defensor da vítima da opressão; sê um lar para aquele que perambula… Sê um balsamo para quem sofre; os olhos para um cego e uma luz para os pés errantes… Sê causa de júbilo, para o entristecido; um mar para o sequioso; um refúgio para o aflito…” “Tenha sempre palavras e braços confortadores para os angustiados e deprimidos…” “A mudança faz parte da lei da vida”… “ELE ERA TÃO POBRE, TÃO POBRE, QUE SÓ TINHA DINHEIRO”…Irmã Dulce Enquanto irmã Dulce fazia o curativo nas ulcerações inflamadas em um hanseniano, alguém disse à ela: “Não faria isso por dinheiro nenhum…! “Nem eu… Respondeu ela, sem olhar o interlocutor… “Você pode ter o controle do que faz, mas nunca do que sente…” Gustave Bom proveito para os leitores…

Adelaide Pajuaba Nehme- Acadêmica da ALAMI



quarta-feira, 9 de março de 2016

Crônicas Jarbas Avelar

 






O MUNDO DO CRIME




Os presídios brasileiros, reiterando o que é do conhecimento de todos, são controlados pelos sindicatos do crime organizado. O Primeiro Comando da Capital, o PCC, criado em São Paulo, se estendeu por todos os presídios do País.

Os sindicatos estabelecem leis não escritas que regem a vida dos presidiários, tem o domínio dos presídios e o poder de decisão sobre a vida e a morte de qualquer pessoa, dentro e fora deles.   

Se o preso for integrante do mundo do crime, ao chegar à cela é recebido “na cordialidade”. Essa é uma das muitas leis não escritas que regem a vida dos presidiários. Entretanto, se preso for novato, ele é recepcionado pelo “piloto”, sempre escoltado por 4 presos leais a ele, a quem é dispensado o tratamento de “senhor” por todos os presos e carcereiros. O “piloto” faz o papel de juiz; decide as desavenças entre os presidiários.

Após a eleição do presidiário ao cargo de “piloto”, por voto direto dos membros da organização, seu nome é levado ao líder do presídio, o único autorizado a fazer contatos com a cúpula da organização. Na cúpula do PCC está Marcos Herbas Camacho, o Marcola, e na cúpula do CV - Comando Vermelho, Fernandinho Beira-Mar. Embora presos e incomunicáveis em presídios de segurança máxima, seus assessores suprem suas ausências, fieis às estruturas das organizações. 

Primeira ordem ao novato: pagar R$500,00 pelo privilégio de dormir numa parte menos fedorenta da cela e R$300,00 por um colchonete. A ele é entregue um celular para fazer contato com a família e o número de uma conta poupança para o depósito dos R$800,00. A conta é de laranjas que recebem aluguel para ceder sua conta bancária para o crime. Para se livrar de assédio e estupro coletivo, o “piloto” negocia com o novato uma quantia a mais a ser depositada.

Feito o depósito, o “piloto” transmite ao novato as leis não escritas que disciplinam a vida nos presídios, momento em que se torna, compulsoriamente, integrante do crime organizado, comprometido com o pagamento de uma contribuição mensal, mesmo depois de solto.

Cresce, assim, o contingente da organização, sistematicamente, na chegada de cada novato aos presídios. Em lucro, o crime organizado supera muitos bancos e a tendência é emparelhar-se aos maiores num futuro muito próximo.

Em virtude dessa folgada situação financeira, o crime organizado dispõe de recursos para adquirir armamento sofisticado, patrocinar fugas mirabolantes, subornar policiais e carcereiros, dominar o tráfico de drogas, financiar assalto a banco, carro-forte, caminhões de carga, seqüestros, etc., e o         ex-presidiário que queira empreender um negócio dispõe de crédito junto à organização a juros de 5% ao mês. Essa engrenagem assegura à organização crescimento acelerado e ininterrupto.

Faltas imperdoáveis que são punidas com a pena de morte: não pagar dívidas, caguetar companheiros ou desviar dinheiro da organização.

As celas são escritórios de trabalho. Ao telefone o dia todo, os “pilotos” mandam matar, organizam sequestros e acertam o patrocínio de assaltos. Um criminoso ligado ao crime organizado pode ligar para um “piloto” e pedir liberação de dinheiro para a compra de armas, ou para o que for necessário. Depois devolve a quantia emprestada e mais 10% do produto do assalto. O PCC financiou famigerado assalto dos R$170 milhões do Banco Central de Fortaleza.

Como se vê, temos nossas FARCs (Forças Armadas Colombianas) e seus afiliados não estão mascarados e camuflados na selva; estão transitando entre nós pelas ruas.
Jarbas W. Avelar
Advogado e Escritor


 
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