terça-feira, 17 de outubro de 2017

Crônicas de Jarbas W. Avelar



FELICIDADE


Engana-se quem acha que pessoas sejam felizes por estarem em lugares famosos e cheios de diversão... Assistir filme, jogo de futebol, peça de teatro, é entretenimento! Terminado o filme, o jogo, a exibição da peça, a sensação de felicidade desaparece porque era apenas divertimento.  

A expectativa de felicidade nos leva a estudar, trabalhar, casar, adquirir bens materiais: carro novo, casa luxuosa, celular de última geração... No entanto, essa expectativa de felicidade é desfeita  pelo filósofo grego Aristóteles, há mais de dois mil anos, com a advertência de que “alcança-se a  felicidade é com o exercício da virtude e não da posse!”.  

Mas, a expectativa de felicidade não se dá por vencida. Ao mesmo tempo em que ela nos convence de que a conquista, em si, é a coisa mais importante do mundo, ela, a expectativa de felicidade, afasta de nós a percepção de que cada conquista provoca em nós necessidade de outra conquista. Consequentemente, ficamos tão somente na expectativa de felicidade. 

Para complicar, no meio desse tiroteio, temos de demonstrar que somos felizes porque ser feliz passou a ser uma obrigação! 

Em virtude dessa obrigação, há pessoas que fazem força demais para dar a impressão de que são felizes e sofrem muito por causa dessa fonte terrível de ansiedade e depressão! “A depressão é o mal dessa sociedade que decidiu ser feliz a todo custo”. Pontificou o escritor francês Pascal Bruckner, no seu livro “ A Euforia Perpétua”. 

A compreensão de que divertimentos e conquistas nada têm a ver com felicidade desperta em nós sentimentos libertadores do condicionamento mental de que felicidade se compra.

“Felicidade é um estágio psicológico passageiro de profunda serenidade íntima e é projetada para evaporar". Escreveu Robert Wright, autor do livro, “O Animal Moral: Psicologia Evolucionária e o Cotidiano”. Segundo ele, "se a alegria que vem após o sexo não acabasse nunca, a espécie animal copularia apenas uma vez na vida!”. 

"Não existe uma fórmula para ser feliz”. Conclusão do pesquisador David Lykken, da Universidade de Minnesota, EUA. 

E, para complicar mais um pouco, os cientistas Martin Seligman, psicólogo da Universidade da Pensilvânia, Mihaly Csikszentmihalyi, pesquisador da Universidade de Chicago e Richard Davidson, da Universidade de Wisconsin, prelecionam: “Para que o homem mova o mundo ele não pode ficar acomodado naquele estágio psicológico de profunda serenidade íntima no qual não se tem vontade de mudar nada. Daí a necessidade de ser infeliz”. 

Essa colocação, aparentemente contraditória, surpreende-nos e nos leva às aulas de Filosofia do Direito, do nosso Curso de Direito na Pontifícia Universidade Católica de São Paulo-PUCSP, ministradas pelo saudoso Professor André Franco Montoro, então Governador de São Paulo. Com irradiante simpatia, sua marca pessoal, e com seu agradável humor, disse: “Antes de iniciarmos nossos estudos de Filosofia do Direito, devemos nos reportar à Filosofia e, para compreendê-la, imaginamos duas pessoas conversando; uma falando do que não entende e a outra fingindo que está entendendo”.(Rsrs)

Felicidade é na verdade uma ilusão. A sugestão para ser feliz é não se preocupar muito em ser feliz.

Ao compreendermos que divertimentos e conquistas não trazem felicidade, nova orientação vai direcionar nosso comportamento e mudar radicalmente nossa vida para melhor sem nos causar infelicidade.


Jarbas W. Avelar  
 Advogado e Escritor

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