Crônicas do
Ciberpajé Edgar Franco 5
Sem a prática a teoria é somente ficção!
Eu acredito que
o mundo ocidental foi contaminado por uma verborragia sem fim, a linguagem
escrita evoluiu de maneira sórdida por esses lados do globo, pois numa certa
medida ela tornou-se mais importante do que aquilo que tenta representar ou
explicar! Muitas vezes tratados acadêmicos que se propõem a analisar um
fenômeno, engolem o fenômeno, ou melhor, passam a ter mais importância do que o
fenômeno no contexto da cultura. Outro exemplo contundente são as religiões
preponderantes no ocidente, no princípio a religião era a busca da
transcendência; busca por outros níveis de consciência, o ritual tinha o papel
de criar essas conexões, como ainda tem em algumas práticas do oriente – a
meditação é um bom exemplo. Mas por aqui a religião tornou-se mais um dos
universos da verborragia estanque.
A filosofia
oriental é a da ação, a filosofia ocidental a dos tratados verborrágicos. A
coisa é tão ridícula que um diretor de uma faculdade de filosofia de uma grande
universidade brasileira, meu conhecido, disse-me que tudo que já podia ser
escrito sobre o homem já foi escrito pelos grandes filósofos e agora o papel da
universidade é analisar esses discursos! Isso é deprimente, dezenas de teóricos
engessados que passam anos de sua vida interpretando, como engajados
hermetistas, o que outros disseram sobre o homem e a vida e com isso esquecem
de viver, ou seja, de terem suas próprias vidas e chegarem às suas conclusões
sobre o que é o viver. Com isso vamos vivendo a vida dos outros!
Num contexto
como o do Brasil, uma cultura que sofre com esse estigma da colonização, eu
vejo centenas de acadêmicos engomadinhos que repetem os discursos importados,
principalmente da Europa, e não conseguem produzir seu próprio pensamento.
Precisam de muletas pra viver, usam as palavras e conceitos dos pensadores da
moda e ou os clássicos pra esconderem sua mediocridade, sua falta de coragem
pra experienciar a vida e pra chegar às suas próprias conclusões sobre o mundo.
São os chamados “papagaios de pirata”, vão repetir as ideias alheias e morrerem
vazios! Eu não digo que devemos nos isolar, de forma alguma, temos que nos
contaminar de todas as reflexões, conhecermos o que pensam nossos pares pelo
mundo afora, mas daí a ficar replicando a experiência dos outros, isso não!
Eu me dou o
direito de VIVER, me dou o direito de ter minhas próprias ideias sobre o mundo
e a vida, podem não ser as melhores, mais requintadas, ou na moda, mas são
minhas ideias! A EXPERIÊNCIA sobrepuja sempre para mim a TEORIA! Por isso se
alguém que teoriza sobre um assunto não tem experiência prática não me
interessa! Teóricos da fotografia que não fotografam? Críticos literários que
nunca escreveram um poema? Filósofos que se dedicam a analisar a obra dos
outros? Para mim isso é verborragia, nada de verdadeiramente transformador pode
nascer da simples metodologização, não tenho tempo a perder com isso! Pra você
conhecer todo e qualquer fenômeno você precisa experienciá-lo, pois todo o
resto será PURA FICÇÃO! Então, pra mim o ato criador está sempre em primeiro
lugar, pois ele é a vivência completa daquela forma de expressão, toda a minha
produção como teórico nasce do ato criativo, são indissociáveis a criação e a
teorização. Eu vejo que a falta de experiência e o mergulho das pessoas na
teoria pura as embrutece, produz dogmas, as entristece, as enfeia, por isso os
acadêmicos, principalmente os das ciências humanas, amam as teorias mais
desesperançosas e niilistas, elas refletem o vazio de suas vidas, vidas não
vividas.
Edgar
Franco é Ciberpajé, artista transmídia, pós-doutor em artes pela UnB, doutor em
artes pela USP, mestre em multimeios pela Unicamp e professor do Programa de
Doutorado em Arte e Cultura Visual da UFG. Acadêmico da ALAMI, possui obras
premiadas nacionalmente nas áreas de arte e tecnologia e histórias em
quadrinhos. ciberpaje@gmail.com
Caro Edgar para criar um conceito filosofico e preciso sim ler filosofos ainda que europeus concordo que e uma verborragia mas e a vida inteira de labor filosofico a filosofia foi a primeira forma de ciencia ela tambem e pratica quanto a criar algo novo um filosofo sempre refuta a ideia do outro nada surge do nada,abracos.luciano.
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