Pai nosso…
…que estás no céu, ando um tanto
ocupada demais e rezando um pouco de menos, é verdade, mas vou fazer um único
pedido:
- Não daria para o Senhor voltar a
passar outra temporada aqui na Terra?
Eu sei que aí é muito melhor; quer
dizer, imagino, pois ainda prefiro ir ficando um pouco mais por aqui, tentando
angariar bônus para tal merecimento, o Senhor sabe né. E vamos pensar, eu aí
não devo fazer muita diferença, mas o Senhor aqui, faria toda.
Mas voltemos ao meu pedido, que eu
disse que era único, e é, mas com um detalhe:
O Brasil não era do Seu tempo, mas era
para cá que eu gostaria que o Senhor viesse. A paisagem é bonita, o problema é
o povo.
Vou explicar: – a gente lá vinha vindo
mais ou menos, entre trancos e barrancos, e até já ficamos famosos por
desenvolver um tal jeitinho. Nada de pecado, era só muita criatividade e uma
pitadinha de malícia pra “dar jeito” em tudo, porque desde sempre as coisas por
aqui nunca foram fáceis.
Pois bem, perdemos o controle, e o tal
jeitinho, que era até um charme, virou uma praga chamada corrupção, muito,
muito mais devastadora do que a Praga dos Gafanhotos.
Inventaram uma tal Globalização, que
acho que era isso mesmo que o Senhor queria, a mistura dos povos, com
solidariedade, os mais ricos acudindo os mais pobres, mas deu tudo errado.
É tanta quinquilharia, gente falsa,
serviços falsos, objetos falsos, que ninguém mais está sabendo separar o joio
do trigo.
E aquilo que o Senhor disse que era
mais fácil um camelo passar no buraco de uma agulha do que um rico adentrar o
reino dos céus esqueça. Ou o povo não acredita nisso, ou resolveu fazer o céu
por aqui mesmo, pois que é justamente para ficar cada vez mais rico, uns
passando a perna nos outros, que a tal corrupção tomou conta.
Se vier, por favor, faça essa caridade,
não chegue primeiro em Brasília, que é a nossa capital, pois não gostaria que o
Senhor batesse em retirada imediatamente, nem que gastasse o tempo assistindo
às infinidades de CPIs, que são as atividades que mais ocupam nossos
políticos, e nunca vão dar em nada. Quer dizer, dão: Notícias para os
jornais e frisson nos nervos de um tantim de gente boa e crédula que ainda
existe, e nem pergunte se esse tantim não tem vergonha na cara, pois que se
tivéssemos, depois de um tal de Mensalão, a coisa já tinha tomado outro rumo.
Ah! Também pregar no Templo, já vou
adiantar-lhe, não é mais como da outra vez não.
Templos é o que não nos faltam, aliás,
a cada dia inaugura-se um, mas a intenção é outra, a única coisa que ainda
permanece é usar o nome do Senhor, para… deixa o Senhor ver pessoalmente.
Também não pense que vai dando jeito
separando as águas do mar para dar passagem a um povo escolhido, como fez da
outra vez. Se as coisas continuarem do jeito que vão, vai ser muita trabalheira
pra nada – só uns gatos pingados vão fazer a travessia; e de mais a mais, mar
não vai resolver nada, as almas daqui estão indo de roldão é de Cachoeira em
cachoeiras.
PS – Converse com Deus, insista para
que ele lhe dê permissão, eu confio que o Senhor vai saber dar um jeitinho,
(ops).
* Neusa Marques Palis
nmpalis@yahoo.com.br
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