LEMBRANÇAS...
Eliane Gouveia - ALAMI
Querida comadre, hoje passei em
frente à sua antiga casa e a vi caída ao chão.
E senti vontade de chorar.
Por alguns segundos um filme se revelou em minha memória.
Vi a entradinha lateral, o portãozinho de madeira por onde eu sempre passava, o
corredor comprido que ia até a porta da cozinha.
A casinha de despejo trançada de teias de aranha, com as estantes cheias de
livros antigos, a Coleção do Tarzan, o Egípcio...
O terreno no fundo com os galos de briga atrás das telas dos galinheiros.
A figura sisuda de seu pai, a timidez do Paulinho, o olhar maroto do garoto
Horácio, as bochechas rosadas do pequeno Vinícius, a beleza delicada da doce
Valéria, os olhinhos azuis da vovó Djanira, a “fofura” da simpática Verônica.
E a imagem dela, a mãe Terezinha, aparando as arestas, enrolando pães de queijo
para o lanche, dois de cada vez, numa habilidade imprescindível a quem desempenhava
múltiplas funções de esposa, mãe, mestra, mulher e amiga amorosa.
Voltei da “viagem” saudosa, olhei as ruínas e pensei:
“Que bom que eu pude partilhar destes momentos felizes!”.
E então eu chorei.
Mas não foi de tristeza, não.
Chorei foi de gratidão!
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Esta crônica me fez lembrar de uma imagem especial. Dona Terezinha, diretora do Grupo Escolar Camilo Chaves, salvando-me (eu, um garotinho de 9 anos) das garras da professora/má Maria Helena Pires das Neves (hoje, morando em B. H., minha amiga e rimos muito dessas passagens) que queria porque queria me dar uns beliscões só porquê eu a chamei de... (palavrão) no dia anterior na saída aula.
ResponderExcluirDona Terezinha Carvalho era a doçura em pessoa, protetora-mor da meninada.
Obrigado, Eliane.