O CASO DA
EMA
O
Palmeiras Clube era apenas um salão de dança na Avenida 19 e não tinha piscina,
o Ituiutaba Clube tinha piscina, mas, só para os sócios, para os humildes sem
chance. Então, a opção para a nossa jovem turma era nadar no poção do São
Lourenço.
Só que a
gente não achava isso ruim e era até mais divertido: - nadar em água corrente é
melhor e mais emocionante que a piscina. Hoje está fora de moda, proliferaram piscinas,
mas antes desses eventos os jovens, para recreação na água, só tinham as
piscinas naturais que se formavam nas curvas dos rios.
Do centro
da cidade até ao “poção” era uma esticada de uns cinco quilômetros de alegria e
poeira estrada afora e, disputar corrida até lá era o máximo, quem chegava por
último não entrava na água, ficava de fora vigiando as roupas. O mais veloz era
o João Feio, que corria mais que o papa-léguas.
Numa
dessas idas uma ema atravessou a estrada e o João Feio que tinha supremacia nas
pernas foi desafiado a pegá-la. Ele saltou a cerca da fazenda e disparou na
pastaria atrás da inofensiva ave: Guinada para um lado, guinada para o outro, e
a assustada ema ia se safando da perseguição implacável. E a turma
incentivando: Pega! Pega!
Já que
nenhum de nós quis esperar pelo João Feio que sumiu no capinzal correndo atrás da
ema, seguimos todos diretos para o poção do São Lourenço. Passamos boas horas de
aventura e diversão na água e ao cair da tarde, cansados, com fome, pegamos a
estrada de volta.
Mas de repente
o que nos aparece atravessando a estrada? A ema correndo do João Feio! Manca,
depenada, esbaforida e, atrás dela, o João Feio, ofegante e cambaleando, com as
pernas duras de câimbra. Esse dia ele voltou carregado pra casa. #
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