terça-feira, 24 de junho de 2014

Crônicas de Enio Ferreira

 









O CASO DA EMA

O Palmeiras Clube era apenas um salão de dança na Avenida 19 e não tinha piscina, o Ituiutaba Clube tinha piscina, mas, só para os sócios, para os humildes sem chance. Então, a opção para a nossa jovem turma era nadar no poção do São Lourenço. 

Só que a gente não achava isso ruim e era até mais divertido: - nadar em água corrente é melhor e mais emocionante que a piscina. Hoje está fora de moda, proliferaram piscinas, mas antes desses eventos os jovens, para recreação na água, só tinham as piscinas naturais que se formavam nas curvas dos rios.      
  
Do centro da cidade até ao “poção” era uma esticada de uns cinco quilômetros de alegria e poeira estrada afora e, disputar corrida até lá era o máximo, quem chegava por último não entrava na água, ficava de fora vigiando as roupas. O mais veloz era o João Feio, que corria mais que o papa-léguas.   
  
Numa dessas idas uma ema atravessou a estrada e o João Feio que tinha supremacia nas pernas foi desafiado a pegá-la. Ele saltou a cerca da fazenda e disparou na pastaria atrás da inofensiva ave: Guinada para um lado, guinada para o outro, e a assustada ema ia se safando da perseguição implacável. E a turma incentivando: Pega! Pega! 
  
Já que nenhum de nós quis esperar pelo João Feio que sumiu no capinzal correndo atrás da ema, seguimos todos diretos para o poção do São Lourenço. Passamos boas horas de aventura e diversão na água e ao cair da tarde, cansados, com fome, pegamos a estrada de volta.      

Mas de repente o que nos aparece atravessando a estrada? A ema correndo do João Feio! Manca, depenada, esbaforida e, atrás dela, o João Feio, ofegante e cambaleando, com as pernas duras de câimbra. Esse dia ele voltou carregado pra casa. #
               


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