quarta-feira, 4 de junho de 2014


Campinho do Funil, em meu tempo de criança

Esse fato se deu lá pelos idos de 1958, quando cheguei de mudança nessa cidade. Fui morar na Avenida 13 com ruas 28 e 30, enfrente a casa do saudoso amigo Janjão. Eu tinha apenas 11 anos de idade. Como todo garoto nessa idade, eu também adorava futebol e toda a tarde, após me familiarizar com a garotada da vizinhança, ia jogar bola num campinho que existia, logo abaixo de minha casa, na 13 com 30 e 32, o Campinho do Funil, pois seu formato era de um funil, largo em cima e ia se afunilando em baixo; onde mais tarde foi construída a residência do meu amigo Ubiratan Martins. Ali toda tarde a molecada se reunia para correr atrás de uma bola de borracha, e às vezes até feita de meia de futebol. Era uma alegria, a garotada não ficava sem ir ao Campinho do Funil bater uma bolinha. Eu me recordo o nome e apelido de alguns garotos que brincavam naquele campinho. Bodim, Vasco (hoje médico), Carlo Novais (engenheiro), Marco Aurélio (advogado), Cascão (piloto da TAM), Valdo (agrônomo), Nivalcir (psicólogo), Mudinho, Oripão (Botânico), Cabaça (teatrólogo), Bizerro (arquiteto), Gaguim e eu, Hairton (radialista e jornalista), dentre outros.
Mudei pra cá no mês de junho, período de férias escolares, porém com o início das aulas, meus pais me matricularam em uma escola que funcionava no Centro Espírita Eurípedes de Barsanufo, que existe até hoje, situado na Avenida 13 com 16 e 18, onde aprendi a ler e escrever. Fui estudar no período matutino, porém, na parte da tarde, minha mãe arrumou serviço pra mim na alfaiataria do Bolivar que era nosso primo. A alfaiataria dele funcionava na esquina da Rua 22 com Avenida 11. Eu estudava cedo e trabalhava à tarde, entregando as encomendas e buscando as calças e camisas da freguesia. Certo dia, quando o meu primo Bolivar me mandou buscar umas calças que estavam sendo feitas pela dona Maria Mélica moradora da Rua 32 com 3 e 3-A, no Bairro Progresso, eu ao invés de ir buscar o que me mandara o primo, fui direto para o Campinho do Funil, onde eu era goleiro de um dos times que naquele dia disputava quem era o melhor da localidade. Era mês de agosto, além de ventar muito tinha muita poeira. Todos os times queriam ser o melhor da rua, ninguém queria perder. No jogo contra o meu time, Vaselina Esporte Clube, quando o adversário (Arranca Toco F. Clube) chutava a bola no meu gol, eu pulava como um gato e defendia a bola, me esparramando todo na poeira. Nesse ínterim, o Bolivar que tinha que entregar as calças para o freguês que havia encomendado, saiu atrás de mim para ver o que tinha sucedido comigo que não chegava com as danadas das calças. Dei tanto azar, o Bolívar ao se dirigir a casa da dona Maria Mélica, onde eu devia estar, passou antes em sua residência que ficava na esquina, da 13 com a 30,  para deixar uma encomenda. De sua casa dava pra ver todo o campinho; a primeira pessoa que ele viu foi eu dando um daqueles mergulhos na bola, rolando pelo chão. Ele saiu calado, buscou as costuras e entregou para o freguês que estava esperando. Em seguida foi até a minha casa e narrou para minha mãe Laura, o que estava acontecendo. Muito aborrecida com o fato, ela mais que depressa se dirigiu ao campinho, onde me encontrou todo sujo de terra. Fiquei pálido quando a vi chegar. Ela me perguntou se eu não tinha que buscar algo para o primo Bolivar. Eu muito desapontado disse já ia buscar, mas ela me impediu dizendo, que ele já havia feito isso, e me mandou depressa ir pra casa, me chamando de moleque irresponsável. Cheguei rápido. Em seguida ela chegou e me passou um senhor sermão, e me obrigou a pedir desculpas ao primo, em seguida disse-me que ficaria de castigo o resto do mês, sem falar na coça que levei. Mas o Campinho do Funil ficou gravado como uma indelével recordação do tempo de criança. É bom lembrar que nesse mesmo dia que fui surpreendido pela minha mãe querida, eu havia destroncado o dedo minguinho com uma bolada, que em razão disso, até hoje esta torto...
Hairton Dias
 imprensahd@hotmail.com 


Um comentário:

  1. Coisa boa é ter histórias para contar.

    é isso aí, hairton!
    parabéns pelo ótimo causo.

    abraços
    enio.

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