SENSIBILIDADE
Eliane Gouveia - escritora
ALAMI
“Minha mãe tem pelo menos setenta por cento de tudo
que a gente precisa”, disse o Dênniffer.
E era verdade!
Não contando agasalhos, roupas e calçados com os quais ela acudia sempre os “sem-mala”, Alicinha dispunha de mais mil e uma miudezas de primeira necessidade.
Com ela se achava de tudo!
Tachinha, vela, bucha de torneira, veda-rosca, cola, barbante, isqueiro, elástico, clips, faixa cirúrgica, Cura-Tudo*, Band-aid, bicarbonato, pilha, palito, alfinete, grampo, caneta, lápis, régua, trena, borracha, apontador, mapa, calendário, dicionário, algodão, e até OB (do Médio!).
A turma, ciente daquela prodigalidade abusava.
_ Me arranja uma vasilhinha para pôr minhoca?
_ Cê tem uma peneirinha velha para pegar Lambari?
O Dênniffer era o campeão dos pedidos!
_ Mãe, me dá um chicletinho?
_ Me empresta uma meia grossa?
_ Me arranja uma pinça para arrancar um pelinho de barba?
Naquela manhã ele estava impossível, tanto que Alicinha, de TPM, já perdia a paciência, quando ele chamou:
_ Mãe, chega aqui um pouquinho!
Alicinha chegou até a porta da cozinha e viu o Manga Larga* Paraná puxado por Dênniffer que, carinhoso, falou:
_ Vem se despedir, mãe, que ele já vai embora.
O valoroso animal, já com vinte e quatro anos de idade, “mansinho de passar por baixo”, fora presente do Totonho para o Cleversson, quando este ainda era bebê.
Agora, sem forças para o trabalho, ia ser doado a uma escola de equitação para Excepcionais.
Ante a cena comovente, a irritação de Alicinha se desvaneceu.
Abraçou o pescoço do animal, fez festa em seu focinho, desejou-lhe boa sorte e voltou rapidamente aos seus afazeres.
Não queria que ninguém visse a nuvem de lágrimas que ameaçava despencar de seus olhos.
Depois, já refeita da emoção, analisou:
“É verdade, Dênniffer, sua mãe tem pelo menos setenta por cento de toda a miuçalha material que você precisa para viver.
Mas você, filho querido, possui cem por cento de toda a sensibilidade que um homem bom pode ter!
E era verdade!
Não contando agasalhos, roupas e calçados com os quais ela acudia sempre os “sem-mala”, Alicinha dispunha de mais mil e uma miudezas de primeira necessidade.
Com ela se achava de tudo!
Tachinha, vela, bucha de torneira, veda-rosca, cola, barbante, isqueiro, elástico, clips, faixa cirúrgica, Cura-Tudo*, Band-aid, bicarbonato, pilha, palito, alfinete, grampo, caneta, lápis, régua, trena, borracha, apontador, mapa, calendário, dicionário, algodão, e até OB (do Médio!).
A turma, ciente daquela prodigalidade abusava.
_ Me arranja uma vasilhinha para pôr minhoca?
_ Cê tem uma peneirinha velha para pegar Lambari?
O Dênniffer era o campeão dos pedidos!
_ Mãe, me dá um chicletinho?
_ Me empresta uma meia grossa?
_ Me arranja uma pinça para arrancar um pelinho de barba?
Naquela manhã ele estava impossível, tanto que Alicinha, de TPM, já perdia a paciência, quando ele chamou:
_ Mãe, chega aqui um pouquinho!
Alicinha chegou até a porta da cozinha e viu o Manga Larga* Paraná puxado por Dênniffer que, carinhoso, falou:
_ Vem se despedir, mãe, que ele já vai embora.
O valoroso animal, já com vinte e quatro anos de idade, “mansinho de passar por baixo”, fora presente do Totonho para o Cleversson, quando este ainda era bebê.
Agora, sem forças para o trabalho, ia ser doado a uma escola de equitação para Excepcionais.
Ante a cena comovente, a irritação de Alicinha se desvaneceu.
Abraçou o pescoço do animal, fez festa em seu focinho, desejou-lhe boa sorte e voltou rapidamente aos seus afazeres.
Não queria que ninguém visse a nuvem de lágrimas que ameaçava despencar de seus olhos.
Depois, já refeita da emoção, analisou:
“É verdade, Dênniffer, sua mãe tem pelo menos setenta por cento de toda a miuçalha material que você precisa para viver.
Mas você, filho querido, possui cem por cento de toda a sensibilidade que um homem bom pode ter!
Eliane Gouveia é autora de, entre outros,
“Casos de Alicinha, anedotas e outras lorotas” Scortecci Editora – 2017