sexta-feira, 9 de maio de 2014

Os Super-Heróis existem - Gladiston Junior

Os Super-Heróis existem


“O heroísmo não consiste em não ter medo, mas sim em superá-lo” – Roberto Gómez Bolaños
Tudo aconteceu na segunda metade do ano de 1928, numa noite que poderia ser uma noite qualquer... poderia. Ao tentar se curar de um resfriado, Elsa Bolaños Cacho viu-se diante da morte ao tomar um remédio ‘abortivo’ que havia sido receitado pelo seu cunhado – e médico – que não sabia de sua gravidez. Nessas circunstâncias nasceu meu único super-herói. Nasceu Chespirito.
Antes de tornar-se Chespirito, Roberto Gómez Bolaños tentou ser jogador de futebol, mas pela sua estatura física não conseguiu. Tentou formar-se em Engenharia, mas preferiu brincar com bolinhas de gude a estudar. Após estes ‘fracassados’ sonhos Roberto descobriu sua vocação... seus super poderes. A escrita, a atuação e a direção no mundo cinematográfico. Apelidado de ‘Shakespearito’ (diminutivo de Shakespeare) na época pelo diretor Agustín P. Delgado, Roberto adotou o nome em uma versão mais castelhanizada – ou seja, Chespirito.
Nos episódios de Chaves, Chespirito não só nos presenteava com humor, mas também com imagens engraçadas e várias lições: encontrar a felicidade em coisas simples da vida, o erro e as consequências que uma mentira pode causar, os exageros dos pais que mimam seus filhos, pessoas que se preocupam com problemas da sociedade, mas não se mobilizam para ajudar a resolvê-los e a necessidade de assumir seus próprios atos. Sem violência, sem desrespeitar a sociedade, sem menosprezar os telespectadores... esse era o tipo de humor que Chespirito trazia para a gente. Um humor engraçado, básico, simples e com muitas lições de vida. Lições essas que só um super-herói de verdade pode transmitir. Lições essas que me transformou no Homem que sou hoje, no caráter que eu tenho... lições essas que transformaram pessoas de todo o planeta.
Como todo super-herói, Chespirito também era um homem comum. Roberto Gómes Bolaños perdeu o pai cedo, enfrentou diversas dificuldades financeiras com sua família. Apaixonou-se, sofreu por amor e pelos fracassos do cotidiano. Sonhou, como todo mundo sonha. Sonhou em ser jogador de futebol – era uma promessa quando jovem – mas era magro e pequeno demais. Quis ser engenheiro, mas não foi possível. Diante das tentativas que o transformou num belo Homem de caráter, Roberto tornou-se Chespirito. Sendo assim deixou-se de ser Roberto. Deixou-se de ser Gómez. Deixou-se de ser Bolaños. Passou a ser Chaves, Chapolin Colorado, Dr. Chapatin... menos Roberto Gómez Bolaños.
Deixo aqui minha breve, curta e simples homenagem ao meu primeiro e eterno grande herói. Alguém que eu tive, tenho e sempre vou ter a vontade de abraçá-lo e agradecê-lo pelas lições básicas que ele me proporcionou, lições importantes para a vida de uma pessoa. Foram anos rindo da mesma coisa, dos mesmos personagens, das mesmas histórias. Mas a maturidade – ou a falta dela – não permite pessoa nenhuma aprender tudo de uma só vez as lições dadas por Chespirito. Foi preciso um ano de cada vez para aprender que a felicidade vem do simples e do básico como o do barquinho de papel ou do carrinho de rolimã. Acima de tudo, Chespirito nos ensinou o que é a verdadeira felicidade. E por trás de Chespirito, Roberto Gómez Bolaños nos ensinou que o heroísmo não consiste em não ter medo, mas sim em superá-lo.

Mais textos de Gladiston Junior - http://www.gladistonjunior.com/

Um comentário:

 
;