O sr.
Geraldo não era e nem nunca foi candidato a nenhum cargo político nessa vida,
mas permanece em minhas lembranças, de maneira negativa, por causa de uma
promessa.
A
história é curta, as consequências emocionais é que foram imensas.
Eu tinha
lá meus quatro anos e morava com meus pais na fazendo do meu avô. Sr Geraldo
era o leiteiro, que em seu caminhão, vinha recolher o leite todas as manhãs e
ao me ver, apertava minhas bochechas e me cobria daqueles elogios que se
fazem a uma garotinha daquela idade, me chamando de princesa, essas coisas…
Um dia,
em meio aos elogios, inconsequentemente, disse: – Quando eu voltar, vou te
trazer uma boneca.
É
impossível descrever a alegria, a expectativa, mas posso garantir que na minha
vidinha inocente e despreocupada, inaugurou-se a primeira ansiedade.
A cada
manhã eu me preparava para o grande momento. O barulho do motor do caminhão do
Sr. Geraldo parando lá na porteira era o bastante para que eu corresse
timidamente para a varanda do casarão dos meus avós, próxima aos latões de
leite. Ele repetia os afagos e eu ficava espichando os olhinhos para a
boléia, certa de que dessa vez, ali estaria a tão sonhada boneca.
Não
suportando mais a frustração, contei à minha mãe, e falei que ia perguntar pelo
presente, cobrar era inimaginável, eu pressentia, pela educação recebida. Fui
terminantemente proibida. E ela ainda usou uma frase “era o dado por não dado”,
ou seja, papo.
Esse ano,
recortei dos jornais as promessas impressas feitas por todos os candidatos.
Mamãe,
apesar do respeito que tenho, já não me impede mais que eu faça cobranças, e
agora, já não é mais o dado por não dado, está escrito, é documento.
Neusa
Marques Palis
nmpalis@yahoo.com.br
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