terça-feira, 30 de junho de 2020

Crônicas de José Moreira Filho -ALAMI


 












QUIETUDE, MAS NÃO INÉRCIA

            Para aqueles que creem, essa situação pandêmica que o mundo vive hoje, tem um propósito, não veio por acaso. Na quietude de sua alma o homem pode, usando de sua razão, identificar sinais bem claros de uma razão maior, responsável por tamanho rebuliço. Saberá então que tudo está muito bem traçado e interlaçado objetivando um bem maior. Para fortes males, fortes remédios. Por séculos o homem usou e abusou da Natureza, que na sua aparente quietude tentava ensinar o caminho correto para a raça humana. Mas em vão, o homem usando de seu livre arbítrio, agiu, em nome de um pseudo progresso, desvirtuando o objetivo precípuo para o qual foi lhe dado o presente da vida. A felicidade... ah... “Essa felicidade que supomos árvore milagrosa que sonhamos, toda arreada de dourados pomos,” como bem diz Vicente de Carvalho, existe sim, mas não se compra no mercado, não se ganha na loteria, nem está nos grandes feitos e fatos. Está sim na sabedoria e não necessariamente na inteligência, para perceber a diferença entre o que posso, o que devo e o que quero fazer. Encontrar as razões dos acontecimentos para perceber o antagonismo existente entre as ferramentas empregadas pelo homem, que desviam o foco da essência humana. Aí cabe ter um olhar mais apurado para desvincular o que assiste às necessidades básicas, daquilo que está servindo apenas às ambições capitalistas, eivadas de ilusões e modismos modernistas. Muitas vezes a primeira intenção de uma criação é desvirtuada e o que seria um grande benefício para a humanidade, acaba se tornando um desastre. Exemplo clássico pode-se citar o átomo que gera energia, mas que também gerou a bomba. Por isso, hoje cúpulas mundiais se reúnem e discutem sem muito êxito, o desarmamento nuclear – uso maléfico dessa energia fantástica.
Acredito ainda, que o acaso não existe, bem como o fatalismo. Existe a reação de minha ação no mundo. Se ação criadora e inteligente, efeito criador e inteligente. Aliás disse Voltaire: “Aquilo a que chamamos acaso não é, não pode deixar de ser, senão a causa ignorada de um efeito conhecido.”
Portanto, seguindo esse raciocínio, é relativamente fácil evitar o estresse cotidiano e maluco de nossos tempos. É só seguir a Lei Natural da Compensação. As respostas ao meu comportamento no mundo são naturalmente proporcionais à minha ação.
Trocar a corrida alucinada da vida hodierna, pela quietude sábia que clareia e ilumina os acontecimentos tristes, é o que nos tenta ensinar essa pandemia. Quietude que não quer dizer necessariamente inércia, mas posição calma diante de mudança drástica de nosso dia a dia.
            Entendo que com um pouco de otimismo, é possível adequar nossa vida às circunstâncias atuais, que no caso brasileiro parece ainda mais adversas. No entanto, para isso se tornar prática, seria preciso que aprendêssemos algumas coisas. Por exemplo, trocarmos a indiferença pela atenção, o preconceito pela aceitação, a ganância pelo desapego, o material pelo espiritual e, por enquanto, aquele abraço afetuoso por uma mensagem eletrônica sincera de afeto e carinho...
José Moreira Filho
ALAMI

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