QUIETUDE,
MAS NÃO INÉRCIA
Para
aqueles que creem, essa situação pandêmica que o mundo vive hoje, tem um
propósito, não veio por acaso. Na quietude de sua alma o homem pode, usando de
sua razão, identificar sinais bem claros de uma razão maior, responsável por
tamanho rebuliço. Saberá então que tudo está muito bem traçado e interlaçado
objetivando um bem maior. Para fortes males, fortes remédios. Por séculos o
homem usou e abusou da Natureza, que na sua aparente quietude tentava ensinar o
caminho correto para a raça humana. Mas em vão, o homem usando de seu livre
arbítrio, agiu, em nome de um pseudo progresso, desvirtuando o objetivo
precípuo para o qual foi lhe dado o presente da vida. A felicidade... ah...
“Essa felicidade que supomos árvore milagrosa que sonhamos, toda arreada de
dourados pomos,” como bem diz Vicente de Carvalho, existe sim, mas não se
compra no mercado, não se ganha na loteria, nem está nos grandes feitos e
fatos. Está sim na sabedoria e não necessariamente na inteligência, para
perceber a diferença entre o que posso, o que devo e o que quero fazer.
Encontrar as razões dos acontecimentos para perceber o antagonismo existente
entre as ferramentas empregadas pelo homem, que desviam o foco da essência
humana. Aí cabe ter um olhar mais apurado para desvincular o que assiste às
necessidades básicas, daquilo que está servindo apenas às ambições
capitalistas, eivadas de ilusões e modismos modernistas. Muitas vezes a
primeira intenção de uma criação é desvirtuada e o que seria um grande benefício
para a humanidade, acaba se tornando um desastre. Exemplo clássico pode-se
citar o átomo que gera energia, mas que também gerou a bomba. Por isso, hoje
cúpulas mundiais se reúnem e discutem sem muito êxito, o desarmamento nuclear –
uso maléfico dessa energia fantástica.
Acredito ainda, que o acaso não
existe, bem como o fatalismo. Existe a reação de minha ação no mundo. Se ação
criadora e inteligente, efeito criador e inteligente. Aliás disse Voltaire:
“Aquilo a que chamamos acaso não é, não pode deixar de ser, senão a causa
ignorada de um efeito conhecido.”
Portanto, seguindo esse raciocínio, é
relativamente fácil evitar o estresse cotidiano e maluco de nossos tempos. É só
seguir a Lei Natural da Compensação. As respostas ao meu comportamento no mundo
são naturalmente proporcionais à minha ação.
Trocar a corrida alucinada da vida
hodierna, pela quietude sábia que clareia e ilumina os acontecimentos tristes,
é o que nos tenta ensinar essa pandemia. Quietude que não quer dizer
necessariamente inércia, mas posição calma diante de mudança drástica de nosso
dia a dia.
Entendo que
com um pouco de otimismo, é possível adequar nossa vida às circunstâncias
atuais, que no caso brasileiro parece ainda mais adversas. No entanto, para
isso se tornar prática, seria preciso que aprendêssemos algumas coisas. Por
exemplo, trocarmos a indiferença pela atenção, o preconceito pela aceitação, a
ganância pelo desapego, o material pelo espiritual e, por enquanto, aquele
abraço afetuoso por uma mensagem eletrônica sincera de afeto e carinho...
José Moreira Filho
ALAMI