quarta-feira, 13 de novembro de 2019

Crônicas de Neusa Marques Palis











Dia de Finados.

Na roça, as pessoas gostam de se referirem aos que 
partiram com esse adjetivo_ " o finado" Valdemar, a " finada" Maria...
E quando dizem o finado pai, a finada mãe?
Jesus!
Não sei quem inventou algo tão triste e fora de propósito.
Eu sou de reverenciar nossos ancestrais com profunda gratidão 
e sem finitude.
Deixaram seus genes, seus ensinamentos e continuam assim, 
se fazendo presentes através dos seus descendentes.
Sentir saudades é mais que natural.
Alguns dos nossos entes queridos nos fazem companhia 
por mais tempo.
Outros, sem que nossa compreensão seja capaz, nos 
surpreendem com suas partidas que nos parecem precoces.
Não cultuo dia de Finados, não vou a cemitérios.
Aliás, lamento que tenha virado Feriado e dia de comércio.
Todavia, são rituais arraigados na nossa cultura.
Cada um, do seu jeito, com profundos respeitos a todos que 
já viram partir seus entes queridos de forma que nos exige luto.
Outros lutos fazemos em vida, de todos que escolhem, ou por 
outros motivos também ficam ao nosso lado por um tempo e 
depois se separam buscando outros caminhos.
Finados não!
Colaboradores dessa viagem.
Demônios e anjos.
Com certeza, deixaram o seu legado para a nossa evolução e 
merecem nossas reverências.

#Neusa Marques Palis é escritora. Acadêmica da Academia de Letras, Artes e 
Música de Ituiutaba
www.alami.org.com

domingo, 27 de outubro de 2019

Crônicas de Arlindo Maximiano Drummond















RECEBENDO VISITAS

# Arlindo Maximiano Drummond

Sentado em um banco de Locomotiva, observado por Flávio de Carvalho, Volpi e uns Farnese, tendo ao lado os livros como companhia, e em cima de uma mesa em outra sala fotografias dos amigos, meus pais e meus avós. A TV, claro, desligada. Muitos rascunhos, como esse, me perturbam por nunca acabá-los. O inferno do celular carregando e toda hora um sinal de mensagem sem futuro. Se for analisar, só coisas indigestas, parentes e as ex me ocupando sempre, chatices.

Então recebo Harold Bloom hoje, perfeito, discursando seu gênio só para mim, deleito-me.

Ontem foi Homero me fazendo acreditar ainda mais na criação divina, me pergunto como ele conseguiu ver deuses e homens combatendo juntos nos muros de Tróia. Daí onde surgiu minha tara e minha visão sobre as mulheres.

Amanhã receberei Dante e entendendo, por culpa dele, o purgatório que vivo neste momento, refletirei muito se mereço a salvação. Não sei se quero estagiar no último milagre celestial.

E dormindo pouco, como Spinoza, me pego gostando dessas madrugadas solitárias onde bate em mim a crença de cada vez mais encontrar sentido na existência.

 # Arlindo Maximiano Drummond é Cronista - Escreve para a revista Cult, Editora Cult Uberlândia. 


sexta-feira, 4 de outubro de 2019

Crônicas de Leíse Sanches

  








 DE REPENTE

#Leíse Sanches

De repente, vem-me um desejo louco de viajar na história para encontrar a criança que fui tempos atrás. Seria mágico presenciar seu nascimento! Eu ouviria o choro, os primeiros gritos e risadas. Eu pegaria esse bebê no colo, acariciaria seus cabelinhos e tentaria ver bem dentro dos seus olhos o que as palavras não conseguem dizer. Então, com um abraço bem apertado, eu lhe faria entender que estava protegida e que não precisaria sentir medo de nada. Eu  me deleitaria  ao ver seu crescimento, suas percepções, reações, e faria tudo para que ela soubesse que era preciosa, única e muito amada. Também tentaria segurar a pressa do tempo que insiste em correr. Mas eu correria com a menina de mãos dadas, como num resgate do melhor de mim. Ainda posso sentir o brilho dos seus olhinhos ao me observar no espelho. Ainda sinto seu coração disparando pelas surpresas que a vida insiste em nos trazer. E, apesar de não ser apropriado, continuo a lhe satisfazer as vontades comendo chocolates, pirulitos, balinhas e sorvetes. E a impetuosidade dela é tão forte que ainda me pego pulando e saltitando, como se a vida fosse uma interminável brincadeira....Num sobressalto, percebo então que a criança que eu gostaria de encontrar em um passado distante é mais presente que a imagem que se impõe a esses olhos empoeirados pelo tempo. Ela brinca de esconde-esconde, mas não me deixou sozinha nessa brincadeira de contar. Ela está aqui me salvando de mim mesma e me dando motivos para continuar saltitante e cheia de entusiasmo pela vida.

#Leíse Sanches - Professora no Conservatório Estadual de Música "José Zoccoli de Andrade" - Regente da Orquestra de Teclados "Zélio Sanches Navarro" - Acadêmica da ALAMI - Academia de Letras, Artes e Música de Ituiutaba. 

quinta-feira, 3 de outubro de 2019

Crônicas de Welington Muniz Ribeiro











 A ira da Bené

#Welington Muniz Ribeiro - Murito 


De repente, ali na rua, encostado na calçada, estava aquele carro com duas mulheres. Cada uma com o seu celular na mão.

Táti   tentava   ligar   não  sei  para   quem.   O   certo   é   que   ela   queria   falar,   por  meio   daquele equipamento, com alguém a distância.

Bené, a outra, nervosa mulher, estava às turras com aquele pequeno telefone circunscrito em suas mãos. Era uma peleja danada!

Cada vez que apertava os números da tela do seu celular, ao final, ouvia aquela voz querendo ser educada:

- Seus créditos são insuficientes para realizar a ligação.
Quanto mais ela insistia, a voz avisava:

- Da próxima vez disque o número nove.
E aquela peleja deixava cada vez mais nervosa a Bené.
Apertava com força aquele perverso aparelho que insistia em não completar a ligação.
Bené se descabelava.
Gritava com o celular na esperança de ele atender ao seu pedido:

- Seu indecente! Não estou falando com você, mas quero falar com uma outra pessoa.
E a voz insistente repetia:

- Seus créditos não são suficientes para completar essa ligação...  Disque o número nove.
Aquela mulher foi cada vez mais perdendo a compostura com a situação. Passou, então, a morder desesperadamente o seu celular e murmurava:

- Me respeite seu troço, senão eu te faço em pedaços.

A ira ia aumentando e Bené já estava com ímpeto de atirar aquela coisa bem longe, para que não pudesse ouvir mais aquela mensagem irritante, mas quase educada.
No entanto, a coisa continuava ali na sua mão, já suada de tanto tentar torcê-la. Cada vez apertava mais.

- Eu te esgano, coisa petulante. Eu te esgano! Gritava Bené com a boca bafejando o visor do celular.

Até chegou a lamber os números que apareciam na tela do celular. Sacolejava o danado.
Repetia a operação de discagem, mas a voz ali estava, penetrando no seu cérebro, percorrendo os giros cerebrais como se fosse um eco da voz de um outro mundo.  

- Seus créditos não são suficientes para completar essa ligação.... Disque o número nove.
Bené entrou em prantos. A sua companheira ao lado, Táti, assustada com aquele destempero de sua colega, não sabia o que fazer.
E o drama continuava.
Quanto mais esfolava aquela máquina falante, mais ela repetia aquela enfadonha frase:

- Seus créditos não são suficientes para completar essa ligação.... Disque o número nove.

De alguma forma o seu celular não respeitava mais o seu comando. Isso irritava ainda mais aquela mulher descabelada, quase em delírio, pois a coisa teimava em não completar a tão sonhada ligação.
Bené, vendo-se naquela confusa situação, abraçou o seu celular e fez um pedido. Tímido, mas fez:

- Se você me obedecer e fizer o que eu quero e completar essa ligação, dou-lhe um beijo sem bafo aqui bem no meio.
As suas mãos doíam de tanto apertar aquela coisa que a olhava e continuava a repetir a mesma frase todas as vezes que os números eram discados.
De repente, Bené, perdendo a razão de si, soltou uma grande gargalhada e arrancou seu carro em direção ao semáforo que estava mostrando a cor vermelha, deu uma tremenda freada e resmungou:

- Tomou, danado! Vê Táti, como essa coisa tumultua a vida da gente!
Táti, assustada com o arranco do carro e aquela freada brusca, olhou para a sua colega e pensou:

- Cada um tem o seu dia de louco. E benzeu-se.

Parada, ali, na rua, sinal fechado, Bené acariciou mais uma vez aquela coisa teimosa que insistia em perturbar os seus pensamentos e a sua razão.
Táti não tirava os olhos de sua amiga, esperando por mais um momento de seu destempero. A  cor   do  semáforo  tornou-se   verde.  Abriu para   quem   queria  passar com   agonia  ou sem agonia.
Acelerando o seu carro, lá se foi Bené, com o seu celular repetindo, como um eco, em sua
mente:

- Seus créditos não são suficientes para completar essa ligação.... Disque o número nove.

#Welington Muniz Ribeiro - Murito  ( Médico e escritor, autor do livro "Embrulhado entre vírgulas e outros e outros contos)

quarta-feira, 25 de setembro de 2019

Crônicas de Welington Muniz Ribeiro



















Entre o real e o imaginário*

Welington Muniz Ribeiro - Murito
Pelo espelho vejo os olhos de quem tenta descobrir-me enquanto procuro entender quem me entende.
Ao longe, nas profundezas de um silêncio, vejo um pequeno gigante crescendo, crescendo, querendo abraçar tudo aquilo que meus olhos estavam vendo. Se fosse verdade, saberíamos entender a realidade? E, se for mentira, o que verdadeiramente seria?
Nascem no ego consciente, coisas através de reações citoplasmáticas que fazem do homem um escravo daquilo que não saberá como começou.
Transversal momento ambíguo da revolta natural de um ser humano coligado, grudado nas entranhas da natureza bela, desgastados pela ação egoísta daqueles que querem apenas ser um pedestal.
Dançam na mente esquizofrênica as púrpuras. Manchas produzidas e desenhadas como a imagem explícita de uma convulsão espalhada pela sua proposta de viver.
Ali, no centro de uma tela embaçada, enxergando um ponto negro que mais a mais se transforma pouco a pouco em vermelho e, neste, surge a imagem do olhar que, no seu íntimo, entende o seu interior através das reflexões de um encontro.
Assim como uma torneira semiaberta começou a projetar, pingo a pingo, água corporal, até que jorrou abundantemente, forçada pela pressão da caixa cerebral que estava sendo alimentada pela bomba de sinapses ligadas pelos complexos neuronais, vencendo a uma determinada resistência, que procurava não resistir àquela tempestade de ideias que produziam pensamentos para o além espiritual.
Esgarçada no centro da tela, na torneira aberta, crescia lentamente a aberração de imagens distorcidas, gota a gota, pela inércia áspera dos comandos ineficientes sobre um futuro qualquer, espelhado nas páginas em branco como resultado do quadro-verde, rabiscado por cores amarelas, transfigurado numa paisagem estabelecida pelo estranho silêncio de vozes caladas.
Tudo se avivava. Um jardim onde exala o perfume de suas flores explode ao vento e se expande, e se estende espaço afora, procurando encontrar inalações de suas manifestações. Essas flores graciosas buscam espelhar o brilho que transcende na direção daqueles olhos que murcham com o tempo e, assim, também aquele gigante menino que nascia e abria os braços à espera de braços abertos, o aconchego do carinho expresso neste início da vida.  
Não sei se são suas ou minhas essas crescentes e decrescentes operações mentais que surgem após a agonia e a dor de torturas reais ou fantasiosas.      
Como explicar a distância entre o real e o imaginário quando tudo acontece ao mesmo tempo como fuga de um tempo que dói nas lembranças?
Um passado que muitos viveram e nele sofreram por acreditar no direito de pensar, de amar e sonhar.
Nascia o jovem ao despertar e encarar o direito inalienável de ser, de ser humano. Acreditava nas imagens espelhadas e desenhadas nas telas da vida. Ser possível brincar e correr recebendo os pingos, gotas de água que caíam durante as chuvas que desciam das nuvens.
Não poderiam deixar de acreditar na vida, em jardins, em flores e de ter sonhos. Mas, eis que, na realidade havia olhos que o espreitavam, espelhos sem brilhos, surtos psicóticos, gritos agonizantes, autoridades insanas que enxergavam inimigos no corpo inocente de quem despertava para as ideias e pensamentos de ser um dia gente.  
Mas a vida continua num vai e vem como ondas do mar, crescendo como jardins de flores perfumadas, tentando espalhar-se por esse mundo afora, demonstrando que vale a pena romper o silêncio, pois as páginas em branco serão escritas e desenhos surgirão do belo espetáculo da vida que será mais do que uma peça de teatro cantada, sabendo a hora de seguir.
  • Sem correção. Está como veio na imaginação de um ato.

#Welington Muniz Ribeiro - Murito  ( Médico e escritor, autor do livro "Embrulhado entre vírgulas e outros e outros contos) 

segunda-feira, 1 de abril de 2019

Crônicas de Regyna Marques









O TRIGO

Desde os tempos arqueológicos o trigo era um alimento importante, se destacando na Palestina, França, Suiça, Egito e trazidas semente para o Brasil.
Mas nesta trajetória a Bíblia sempre destacou o trigo como alimento importante desde 6.700 anos antes de Cristo, e uma jovenzinha camponesa, de família humilde fazia parte de uma família de agricultores que plantavam o trigo para seu sustento em terras da Palestina.
Nesta trajetória reencarnatória muitos fatos aconteceram, a família desapareceu no tempo, mas o trigo se expandiu para o mundo todo, tornando-se um alimento importantíssimo para a humanidade. Do trigo tiram-se as mais diversas iguarias, em destaque o pão de milho que o pai da jovem camponesa produzia para alimentar a sua família e amigos.
Os anos se passaram,décadas centenas de anos, até que no Brasil uma família de pais humildes plantadores de trigo, arroz, trabalhadores de terras onde tudo que se plantava.
Mas esta família formada com quatro filhos resolve vir para a cidade, buscando oportunidades para seus filhos.
Interessante à relação do pão de milho com esta família: O jovem caçula desde muito cedo sempre levava para a irmã mais velha, o sagrado pão de milho, que a sustentava junto a sua filhinha.
Buscando no íntimo da toda história sabe-se que a reencarnação daquele pai, pode-se muito bem estar hoje no século XXI, cuidando dos filhos de sua reencarnação em outras terras repetindo o amor fraternal e os cuidados com a família, pois, na espiritualidade tudo continua de acordo com o merecimento e necessidade evolucional.
A irmã adora pão de milho, e tem eterna gratidão a este ato que faz a diferença para o seu coração de irmã que ama e agradece com preces de amor ao irmão cuidador e amoroso.
Família, elo espiritual e amoroso que evolui para a eternidade.

Regyna Marques
            










MEUS FILHOS, NOSSOS FILHOS


         Há mais de dois mil anos veio ao mundo o Filho do Pai para nos salvar dos pecados, mazelas, doenças, fraquezas, miséria e todos os tipos de malefícios que advêm do coração e do comportamento irracional dos seus irmãos, a humanidade.
         Existe exemplo maior que esta dedicação a sua mãe, a concórdia com a transposição de doação em favor dos irmãos, os semelhantes a ELE?
         Tudo aconteceu contra esta criança que veio até nós, mas jamais deixou de ser o representante da MÃE, jamais A contrariou nesta doação em nome da sua Mãe, ajudando-A a salvar seu filho do pecado e das maldades inerentes do coração ambicioso dos homens sem fé, sem gratidão, imbuídos da materialidade e desejo de poder e riqueza.
         O Filho do Pai viveu todas as perseguições, poderia ter desistido desta ajuda, desta parceria cristã com a sua mãe, mas foi FIEL e justo com aquele que lhe deu a vida como presente para evolução e retorno ao colo da mãe, após cumprir a sua missão como Filho de Deus.
         Hoje não é muito diferente filhos que deveriam obedecer e serem parceiros de seus pais se revoltam contra seus genitores, dando-lhes as costas, abandonando-os ao relento de uma sociedade sem humanidade, revestida de desejos mesquinhos de poder, de riqueza, de aquisição de bens e mais bens como que tudo isto fosse a única porta de salvação e de felicidade.
         Que pena Jesus deu-nos o exemplo de filho bom, justo e amoroso não está sendo reverenciado, aliás, esquecido nos lares enquanto os filhos amorosos como foram criados pela bondade e justiça divina.
Pais abandonados com olhares embaçados pelo tempo, deixam transparecer a dor do coração partido, amor e tristeza pela ingratidão e falta de amor filial que estamos vivenciando neste terceiro milênio de transformação.
         Bença pai, bença mãe, já não existem mais.
         Onde e quando esta transformação de amor aconteceu e o quanto vai modificar os valores familiares?
A vulneral idade dos valores que vivenciamos atualmente mostra o transtorno social da falta de fé, falta de respeito, falta de amor privando as famílias de caracterizar um ambiente de união e amor entre os membros familiares, levando para as ruas, para a sociedade homens de caráter modificado pela sociedade preconceituosa – é tudo ou nada.
         A luta pela sobrevivência é desleal e insultante. O que fazer para valer o berço familiar, fazer a restauração dos sentimentos familiares, como plantar o sentimento de Deus no coração dos seus filhos, meu Deus?
         O medo é a maior questão que aflige as famílias, os filhos  que diante da insegurança se distanciam, não dialogam, não abraçam, não  sorriem e o olhar é arredio como medo de transmitir aos pais a vulnerabilidade que existe nos seus corações.
         O acolhimento familiar é a solução de uma sociedade mais justa, de pais mais amados e protegidos, as palavras e atitudes presentes no dia a dia são exemplos indestrutíveis no convívio pais e filhos, quando o retorno de proteção torna-se mágico sem cobranças, pois, os filhos tornam-se pais dos seus pais quando a velhice acontece, colocando-se à frente deste amor que foi plantado com a presença dos pais ao longo dos anos desde a sua concepção. Esta é e deve ser a atitude filial de acordo com os ensinamentos bíblicos – pai cuida, encaminha, ama, protege, ensina, mostra o caminho e abençoa sempre – o filho respeita, ama, cuida e protege no final do caminhar nesta vida, que é um presente de Deus, relação PAISxFILHOS, uma relação de eterno amor e cuidado.
        





 
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