terça-feira, 8 de setembro de 2015

Crônicas do Whisner












FELIZ ANIVERSÁRIO

Whisner Fraga é escritor.

Hoje Helena completa quatro anos e não vou dizer que esse tempo passou rápido demais, porque não quero difundir clichês. Mas que passou, passou. Quando ela nasceu, fiz uma promessa: escreveria um diário para ela. E, dia após dia, durante um ano, relatei algo de sua vida em um caderno improvisado. Não que o empenho tenha arrefecido, mas depois fiquei desleixado. Anotava, vez ou outra, o que ocorria, apenas os eventos principais: primeiros passos, primeiras palavras, primeiros sintomas de que fazia parte mais ativamente da humanidade.
Hoje ela faz quatro anos e, se formos pensar, cometemos inúmeros erros em sua educação. Não há mais tempo para corrigi-los, pois sabemos que uma cabeça se molda nesses anos introdutórios. Todavia, também estamos conscientes que acertamos muito. Afinal, a existência é mesmo assim: não há aquele que sempre acerta. O mais importante é sabermos discernir, nessa educação falha (como toda educação), onde teremos de atuar. Não sou idealista a ponto de achar que com diálogo tudo se resolve, mas que ele é uma boa ferramenta, isso é.
E é bom que se diga que optamos pelo diálogo. Com frequência nos sentamos com a menina e conversamos. Tentamos explicar até aquilo que, aparentemente, não está ao alcance de sua moral em formação. Algum dia, quem sabe, ela pode se lembrar do que orientamos e atuar em prol de seu aperfeiçoamento?Parece-nos que estamos aqui para nos aperfeiçoar. Para quê, afinal? Não importa. Para alguns, é um preparo para o que virá. Para outros, não é nada. De alguma maneira, entretanto, o importante é o respeito ao próximo.
Não somos radicais com nada, pois parece-nos que, assim, ela terá suas chances de escolhas respeitadas. Pensando bem, nunca fomos radicais em nenhum tema. Hoje ela faz quatro anos e já dedica seus vinte minutos diários a mandar mensagens no whatsapp. Aliás, aprendemos a usar esse aplicativo como auxiliar em sua alfabetização. É divertido. Hoje ela faz quatro anos e já me pede para ler livros junto a ela. Hoje ela faz quatro anos e faz muita birra por motivos fúteis. Hoje ela faz quatro anos e alugamos um pula-pula para que ela possa extravasar seu vigor infantil.
Queremos que ela seja feliz. Acho que o fundamental nessa vida é buscar a felicidade. Evidentemente que ela não pode vir às custas do sofrimento alheio, consideramos isso. A segunda coisa mais importante nessa breve existência é saber respirar. A terceira, contar. A respiração é o segredo para quase tudo. Se estamos irritados, basta respirarmos fundo, contarmos até cem, pausadamente. Certo, Helena? É imprescindível saber contar até cem, mesmo com quatro anos. Quer trazer desaforo para casa? Traga, traga sim. Faça suas escolhas.
Esperamos, Helena, que você seja feliz. E que aprenda com a felicidade. Aprenda sempre, com tudo. Esperamos, Helena, que mesmo com oito, com quinze, com quarenta anos, você venha nos dar o abraço amoroso e o beijo libertador, pois só você, como filha, sabe nos dedicar esse carinho que nos fortalece diante de um mundo cão.


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