domingo, 3 de agosto de 2014

Crônicas de Diogo Vilela



 



O pacote é todo seu


Diogo Vilela





Hoje cedo vi uma criança comendo uma paçoquinha. Nada mais que duas mordidas são suficientes para que se finde uma dessa inteira e nem duas vezes se pensa antes de largar o papelzinho da embalagem ali, no chão mesmo. Esse tipo de situação, seja na rua, no ônibus ou em qualquer lugar sempre me incomodou.

O ponto (de interrogação) que mais me é recorrente quando presencio esse tipo de atitude por parte de alguém é o seguinte: quando você compra determinado produto, este vem embalado, certo? E, salvo as óbvias exceções a essa premissa, a embalagem é parte integrante do produto e não pode ser vendida separadamente. Sim, tudo isso é ridiculamente óbvio. Por que então não damos às embalagens tratamento de produto adquirido assim como os produtos que elas embalam? Pagamos também por elas, ora.

O fato é que temos uma tentação tremenda e imediata de satisfazer o que quer que seja com o produto que compramos e nessa ávida corrida muitas vezes não prestamos devida atenção nesse detalhe monstruoso: a embalagem do seu produto é responsabilidade sua também. A menos que você vá ao mercado com sua jarra e o vendedor amigavelmente lhe sirva o guaraná do almoço. Aí sim você estaria pagando somente pelo líquido. Porém a realidade é que pagamos pela embalagem e somos responsáveis por ela.

Se déssemos a mesma importância, seja de descarte ou consumo, às coisas que compramos muitas mazelas da atualidade como alagamentos em grandes centros e consequentes prejuízos (sem falar do impacto ambiental da baixíssima taxa de reciclagem) seriam evitados. Há ainda tempo de mitigar esses impactos.

Por agora nos resta honrar nossa condição bípede e assumir que o papel de bala é tão importante quanto nosso papel civilizado dentro da sociedade. Abra seu olho, porque o pacote é todo seu.







*Diogo Vilela
deeogoo@gmail.com












Um comentário:

  1. Pensamento muito interessante.
    Fui educado de uma forma muito radical no sentido de jogar lixo no lixo, gostei muito do texto pra justificar ainda mais meus atos.
    Boa reflexão Diogo.

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