O pacote é todo seu
Diogo Vilela
Hoje
cedo vi uma criança comendo uma paçoquinha. Nada mais que duas mordidas são
suficientes para que se finde uma dessa inteira e nem duas vezes se pensa antes
de largar o papelzinho da embalagem ali, no chão mesmo. Esse tipo de situação,
seja na rua, no ônibus ou em qualquer lugar sempre me incomodou.
O
ponto (de interrogação) que mais me é recorrente quando presencio esse tipo de
atitude por parte de alguém é o seguinte: quando você compra determinado
produto, este vem embalado, certo? E, salvo as óbvias exceções a essa premissa,
a embalagem é parte integrante do produto e não pode ser vendida separadamente.
Sim, tudo isso é ridiculamente óbvio. Por que então não damos às embalagens tratamento
de produto adquirido assim como os produtos que elas embalam? Pagamos também
por elas, ora.
O
fato é que temos uma tentação tremenda e imediata de satisfazer o que quer que
seja com o produto que compramos e nessa ávida corrida muitas vezes não prestamos
devida atenção nesse detalhe monstruoso: a embalagem do seu produto é
responsabilidade sua também. A menos que você vá ao mercado com sua jarra e o
vendedor amigavelmente lhe sirva o guaraná do almoço. Aí sim você estaria
pagando somente pelo líquido. Porém a realidade é que pagamos pela embalagem e
somos responsáveis por ela.
Se
déssemos a mesma importância, seja de descarte ou consumo, às coisas que
compramos muitas mazelas da atualidade como alagamentos em grandes centros e
consequentes prejuízos (sem falar do impacto ambiental da baixíssima taxa de
reciclagem) seriam evitados. Há ainda tempo de mitigar esses impactos.
Por
agora nos resta honrar nossa condição bípede e assumir que o papel de bala é
tão importante quanto nosso papel civilizado dentro da sociedade. Abra seu
olho, porque o pacote é todo seu.
*Diogo Vilela
deeogoo@gmail.com
Pensamento muito interessante.
ResponderExcluirFui educado de uma forma muito radical no sentido de jogar lixo no lixo, gostei muito do texto pra justificar ainda mais meus atos.
Boa reflexão Diogo.