Vamos começar com a perspectiva de Deus sobre sua soberania legal, em entrevista exclusiva.
Em um belo dia, Deus estava cansado de inventar animais, plantas, aplicativos de “smartphone”
e times de futebol. Ele queria inventar alguma coisa diferente, que
mudaria realmente o premeditado futuro de seu mais prazeroso planeta (leia-se babilônia). O que lhe parecia era que, não importa o quanto ele se esforçasse, não havia para ele um
sentido real em tudo aquilo que ele tomava como sendo a sua realidade,
não havia nada que o confortasse na sua aceitação enquanto entidade
suprema, o cara estava chateado com o fato de ser imbatível. Em tempos remotos ele inventara uma coisa interessante, pensou então: eu tenho que me afirmar supremamente em algo, para isso é preciso que me avaliem e me aprovem de alguma forma, e sendo positiva a avaliação (algo como um ENEM celestial),
não devo ser contestado em hipótese alguma, por mais idiota que seja a
minha vontade e reflexão moral. Deus chamou isso de “dogma”. Completada
essa primeira parte, ele conseguiu colocar à sua disposição, por muitos e
muitos anos, diversos camaradas loucos por uma “fanfarrice” para
tomar conta desse negócio para ele. Com isso foi vivendo de renda e
pode se entregar a outros afazeres onipotentes. Um desses afazeres era a
propaganda! Ele inventou essa ferramenta no mesmo dia que a internet,
mas por um extravio do correio divino essa última só chegou ao
conhecimento mundano milhares de anos depois. Enfim, com a tal da
propaganda ele fez-se materializar de diversas formas no cerne dos
hologramas mentais: barbudo, careca, cabeludo, velho, gogo boy,
almôndega com espaguete, e por aí vai. Como se isso não bastasse, já
naquela época havia o efeito colateral (tendo em vista que adão já havia
mordido a maçã, a desgraça estava feita) e ele foi sentido na forma de
algumas interpretações pirateadas daquela supremacia harmoniosa, fina e
nauseante, e uma das mais famosas era a do Deus
com chifres. Algumas mentes, ao serem condicionadas a aceitarem e
bolarem em suas mentes a imagem de um ser poderoso, invencível e tudo de
bom, às vezes lhe adornavam com um chifre ao associá-lo a algum animal
viril, de porte respeitoso: boi, bode, veado. Numa dessas, um senhor que
estava passando por um momento no mínimo sensível de sua existência,
imaginou um deus carrancudo e dotado de belos cornos. Ele disse aos
rapazes que foram em sua casa, e gentilmente lhe arrancaram
metade dos dentes da boca a fim de afirmarem sua fé, que ele aceitaria
numa boa, obrigado. Revoltado, ele inventou o Diabo. Deus estava
encrencado, no mínimo, e era só o início de uma saga milenar por entre
sinapses nervosas e derrames cerebrais. Mesmo com a concorrência
infernal, Deus estava gostando de sua epopéia que a ferro e fogo vinha
sendo escrita no lombo de fiéis indignos de entrar em várias moradas. Bem, esse é só um ponto de vista.
*Diogo Vilela
deeogoo@gmail.com
maravilha, diogo!
ResponderExcluirbela trabalho, belo tema.
abraços,
enio.
Obrigado pelas palavras, Enio!
ResponderExcluirSó uma errata quanto ao e-mail: deeogoo@gmail.com
Att,
Diogo