sexta-feira, 31 de janeiro de 2014

A real definição do "Homem" - Gladiston Jr

A real definição do "Homem" 

Pensem no absurdo disso! É como perguntar “Qual a função de um fósforo”? Os existencialistas estão cada vez mais certos. Mas a questão sobre ‘o que é ser homem’ hoje em dia possui diversas teorias. Mas vamos deixar de lado o lado profissional. Vamos focar no lado sentimental. Homem que chora, digo, o homem sensível é algo que as mulheres procuram? Então porque defini-los como gays? O homem pode chorar, assim como a mulher pode trocar um pneu de carro (pelo menos ela sabe e eu não). Ser homem nada mais é (em minha opinião) assumir responsabilidades, ter postura diante de qualquer situação e principalmente amar. Ah, o amor, que coisa gay para um homem falar disso. Se falar de amor é gay para um homem, assumo que sou gay. Se chorar ou demonstrar sentimentos por pessoas próximas é gay, então assumo que sou tal. Acho que essa é a parte de ser homem. Assumir isso ou aquilo sem ligar para opiniões alheias. Antes expulso do espaço da casa, o homem hoje está sendo expulso do próprio espaço social ao lhe ser subtraído o papel de provedor. Seu refúgio? A ilusão. Ao invés de produzir realidades passa a consumir imagens. Ao perder as disputas reais, busca outro espaço onde possa vencê-las. Seus heróis, nos filmes de ação lutam por ele, nas novelas transam por ele, e os robôs produzem por ele carros na fábrica onde ele trabalhava. Ao menos assim ainda se sente inserido na sociedade, e como ela é rica e poderosa por trás das telas e vitrines. Mas ele luta sim, ontem destruiu todos os bandidos no videogame, transa pelo disque-sexo e pela Internet, e algum dia ainda vai comprar aquele carro fantástico quando ganhar na sena. Ao perder a sua força real, o homem de hoje retoca a sua imagem para não perder a pose; malha, mas hoje seus músculos não mais constroem, só servem para ele se exibir. Vive em um espaço tão virtual quanto o H de Homem. Toda via, homem que é homem assume que está apaixonado… assume que está feliz… assume que ama outro homem. Existem muitos homossexuais mais homens (e quem disse que não são?) que os que dizem serem tais. Então, a real definição do homem persiste em ser Homem. E se você discorda de todas as minhas palavras, seja homem suficiente para expressar sua opinião.

Crônicas Maria Adelina



 







 


HAVERÁ SEMPRE
Maria Adelina Vieira Cardoso e Gomes 
www.cronicatijucana.blogspot.com.br

Haverá sempre tempo para nascer, morrer, renascer.
Haverá sempre trevas interceptando a luz.
Haverá ódio no encalço do amor.
Guerras, desavenças, incompreensões para levarem o sossego embora,
ainda que a paz insiste permanecer.
Haverá sempre choro e riso, como  partes intrínsecas dessa vida.
Haverá decepções para socorrer.
Haverá sempre oponentes contundentes, para iludir, confundir, para fazer desistir do céu, da terra, do  óbvio caminho.
Haverá sempre tempo para nascer, morrer, renascer...
A vida na sua eterna eternidade questionada, apresentará sempre novos rumos, novos caminhos,
descaminhos, desafios para vencer.
 
Maria Adelina Vieira Cardoso e Gomes
manhã segunda feira - janeiro 2014

terça-feira, 28 de janeiro de 2014

O beijo a queima roupa - Arth Silva


O beijo a queima roupa
- Arth Silva -

Nos rascunhos da memória, vez ou outra me deparo com lembranças que me transportam no tempo.
Em um desses dias chuvosos entrou pela janela o cheiro dos meus 8 anos (talvez 7, o calendário das memórias nunca é preciso), época em que pelas tardes da estação “Infância” eu driblava as pernas da idade.

Lá estava eu no colégio católico, vestido à moda da época, roupas e penteado cuidadosamente escolhidos pela mamãe. A professora com voz de bruxa de programa infantil riscava a lição no quadro negro, me ensinando coisas que provavelmente nunca colocarei em prática. 

O porteiro assopra com força o apito, era o recreio; sim, o recreio da Escola Infantil Anjo da Guarda era anunciado pelo soar de um apito. O “recreio” era um momento sagrado, onde eu colocava as brincadeiras em dia, mas foi na fila do lanche que a infância tomou sua decisão.

Zeca era um menino que andava sempre suado, portador de um sorriso banguela, era o único negro da escola, isso lhe rendia apelidos, que relevava desenvolvendo bom humor. Mas enfim, Zeca chegou de mansinho, como que querendo furar a fila, baixou o tom de voz e proferiu sua frase de impacto: ─ Ei Arthur... Ta sabendo? O Leandro beijou a Camila.

Narrou a cena com uma perfeição de cineasta: Leandro, menino porradeiro e malicioso, de estatura maior que a maioria das crianças da escola, intimidava com sua panca de brigão e descolado, na espreita deixou Camila ficar sozinha no pátio do colégio, quando teve a chance não perdoou, agarrou-a violentamente pelo braço e sem proferir uma única palavra lascou-lhe o beijo sem dó.
Zeca me mostrou até as pegadas rasgadas que ficaram tatuadas na face do barro pelo pátio da escola.

Aquela historia entrou nos meus ouvidos como um alarme de incêndio, minha infância estava pronta pra ser queimada com aquela revelação, não que eu sentisse ciúmes ou algo parecido, era mais que isso, até aquele dia um beijo na boca era um privilégio exclusivo dos adultos, ou dos artistas da TV. Uma criança se submetendo a isso era um crime capital que, se descoberto pelos funcionários da escola teria uma punição sumária, e não deu outra, além de banguela, Zeca era um tremendo fofoqueiro, a notícia se espalhou mais rápido que herpes em carnaval.

Rapidamente os pais de Camila e Leandro já estavam na escola; entraram com ar de tragédia.
O suor rútilo e frio já era visível na testa de Leandro. Os dois alunos incriminados foram chamados na secretaria , de onde ouvimos apenas frações de gritos, choros e ameaças por uma coleção indefinida de minutos.
Camilla que era uma menina extremamente linda e branca feito a candura de um anjo, manteve aquelas olheiras de choro por semanas.

O Incidente, embora praticado em dupla, sobrou para nós humildes virgens de boca. A professora gritava com toda sala, sua veia carótida estava a segundos de romper. Disparava intimidações de que se o crime, ou o pecado, como também citou, ocorresse novamente todos seriam punidos; ameaçava nosso maior tesouro: caso fosse repetido o incidente, ficaríamos até o fim do ano sem recreio. 

Essa maligna advertência causou a castidade de alunos por vários anos (alguns até os 18, outros eternamente). Atrasando inconscientemente nossa entrada no mundo das paixões físicas. 

Aquilo ficou carimbado em nossas mentes: o beijo é um crime, e nós, como bons meninos, jamais o praticaríamos. Mal sabíamos que um dia nos tornaríamos meliantes, furtivos criminosos armados até os dentes disparando beijos a queima roupa.

Tal trauma me afastou dos grupinhos da puberdade, onde a brincadeira da garrafa era a lei e o primeiro beijo acontecia. Ao invés disso, eu ia pro meu quarto começar meus primeiros escritos, exercendo uma espécie de celibato sem batina, mas o instinto animal é mais forte e com o tempo acaba rompendo a barreira do platônico indo muito além do toque de lábios...

Por razão disso, ainda hoje mesmo após ter vencido esse trauma, o cheiro de chuva faz o projetor da memória rodar aquele filme de quando beijar era crime, e nosso instinto delituoso apenas adormecia. 



segunda-feira, 27 de janeiro de 2014

Histórias do nosso Futebol









   Laranjas e futebol                           

   Enio Ferreira - ALAMI

                      Dedico essa ao Gabriel Tostes (craque do Guadalajara)
                    

Nem só de Associação Ituiutabana e Ituiutaba Esporte vivem o nosso futebol. Os times pequenos também contam as suas histórias.

Hoje conto uma do “Três Coqueiros”, time pelo qual joguei (não cheguei a titular, mas, peguei reserva numa final de torneio).     
      
O jogo era Atlético Tijucano contra o Três Coqueiros (Dudu, Pancho, Tupa, Darci, Neneco entre outros craques). Final de Torneio. Para o Três Coqueiros bastava o empate  e seria o campeão.

O Três Coqueiros tinha até torcida (exagero meu, na verdade era apenas um torcedor, mas, muito inflamado) depois fiquei sabendo que o dito torcia por nós só porque estava de birra com a diretoria do Atlético, inclusive tinha até apostado uma boa grana.  

Primeiro tempo e o time do Dudu e companhia, para desespero do nosso torcedor, perdia por um a zero e o técnico não via possibilidades de reação, pois, a equipe estava apática, perdida em campo, talvez, por causa do calor infernal e até parecia que o sol iria engolir o campo inteiro.  

No intervalo o massagista distribuiu laranjas, cortesia do nosso rico torcedor:  
“É esse calor! Chupem laranjas, refresca e tem vitamina C, dá ânimo, vamos buscar o gol”.
Até eu, no banco dos reservas, ganhei uma dessas laranjas, “gelada e docinha”.

No segundo tempo nosso time parecia outro. Como uma bola de neve despencando da montanha, fomos crescendo por cima do Tijucano e viramos o placar para 4 a 1. O Três Coqueiros sagrou-se Campeão. À noite não consegui dormir, perdi o sono (logo eu que, só de encostar a cabeça no travesseiro já começo a roncar).   
  
Benditas laranjas!                  


segunda-feira, 13 de janeiro de 2014

Crônicas da Maria Adelina



 














ABRIR OS SENTIDOS
Maria Adelina Vieira Cardoso e Gomes

Faz bem abrir os sentidos para
ouvir além dos alaridos de cães e gatos.

Faz bem esticar a visão,
para ver além do muro que separa do vizinho.
Faz bem perceber a maior idade,
autonomia do céu,
terra, mistérios,
tempo intocáveis no seu ritmo.

Porque viver assim tão cético já é
viver quadrado,
é estar vivendo á margem,
já que a física quântica revelada
pelos domínios da ciência tão apreciada,
é fato palpável, visível.

Porque viver assim descrente,
entediante é estar vivendo par a
par com o mundo também entediante,
e aborrecido.

Esse mundo palpável,
visível, mas triste,
pobre, monótono e repetitivo
na sua extenuante materialidade,
que não consegue fazer ninguém dormir,
nem acordar para viver um belo sonho...

Faz bem abrir os sentidos...

sexta-feira, 10 de janeiro de 2014

Crônicas do Saavedra



A CRÔNICA DE ADÃO    
Saavedra Fontes 
                                                                              
Sábia é a Bíblia quando proclama Adão o pai do gênero humano. Principalmente porque o fez de barro, material fraco de pouco consistência e durabilidade. Um simbolismo coerente com a ideia que o Homem fazia de si mesmo no mundo antigo. Um pensamento que condiciona uma realidade irrefutável, que é a fragilidade do Ser Humano diante da necessidade de uma evolução espiritual, que lhe assegure a tranquilidade e os sonhos de um mundo civilizado.
A argila é fraca, entregue aos caprichos da Natureza evapora-se, seca, e transformada em poeira com o sopro da brisa se espalha ou dilui-se com a chuva que cai. Mas foi com a exigência de transformar o espírito, enrijecendo-o, que fomos educando-nos, suportando nossas fraquezas e vencendo os vícios originais. Nasce daí o princípio da educação, que vive no desejo íntimo de cada um de procurar melhorar sempre. Desejo este obscuro, mas latente até no mais atrasado dos homens.
Por isso a grande responsabilidade do educador está no fato de que só se ensina através do exemplo, seja no convívio do lar ou na participação da escola. É vivendo que se ensina, é observando que se aprende. Regra muito rígida e palavras inconsequentes servem apenas para complicar, ao exigir uma e exibir outra completamente diferente.
O grande número de desajustes sociais vem dessa hipocrisia, adotada pela maioria dos pais e professores. A própria sociedade é um celeiro de vícios e nos sugere, constantemente, que só os tolos assumem os valores éticos. Esta filosofia na teoria e na prática desestrutura, leva aos consultórios psiquiátricos um grande número de pessoas frustradas. Grande parte da culpa cabe às religiões, severas e irresponsáveis nas promessas de castigos e prêmios Divinos. Pastores incapazes de controlar os seus rebanhos, não sabem explicar que o Homem, que  é feito de barro duro e seco, nos embates da vida pode cair e espatifar-se. Mas pode recompor-se também, se a argila é boa, a água próxima e houver quem saiba remodelar.
Não sou evangélico e nem cultuo a Bíblia como tábua de salvação. Mas admiro-a  naqueles que a compilaram e ofereceram caminhos para o futuro da Humanidade.  Até nisto ela é perfeita, quando nos diz: Não vos escandalizeis! Referindo-se, naturalmente, aos instintos do animal que habita o Homem, alertando certamente os mais evoluídos de espírito, os puros e simples de coração.
 
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