domingo, 9 de junho de 2013

Inauguração do Cine Capitolio

*Enio Ferreirta


“No cinema viajo longas terras, vejo, aprendo, adquiro em instantes uma experiência que em anos não poderia alcançar”
Rui Barbosa 

                   México dos meus amores

O ano é 1.956. A década é de 50. Os anos dourados. A Europa, eufórica, se recupera das mazelas deixadas pela 2ª. Guerra Mundial. Tudo é bonito. A França dita a moda, a Itália atrai os turistas. As potencias, Estados Unidos e União Soviética, inventam a “charmosa” “guerra fria” e, isso inspira a imaginação dos cineastas que, então, aproveitam e saturam o mercado do cinema com os filmes de contraespionagem e ganham rios de dinheiro.   

O Brasil vive a expectativa do governo J.K. Na cidade de Cachoeiro de Itapemirin um adolescente de 15 anos, Roberto Carlos, canta em programas de auditório e sonha em ir para São Paulo gravar um disco.    

A nação ainda chora a Copa do Mundo perdida para o Uruguai. Com o placar de 7 a 1 o Santos vence o Corinthians de Santo André e um desses sete gols quem faz é o juvenil de 15 anos, Pelé, que daí a dois anos retornará da Suécia trazendo a taça Jules Rimet nas mãos e nos olhos o brilho da paixão pelas  loirinhas suecas.   

Ituiutaba ferve. O calor de 40 graus torna mais intenso o vermelho em nuvens de poeira. A fama de “a capital brasileira do arroz” atrai gente de várias regiões. Do Nordeste carradas de nordestinos chegam já contratados para as lavouras. Sob a sombra do ingazeiro, à margem esquerda do Rio Tijuco, no auge dos seus 15 anos, o menino Luiz pesca piabas, faz planos de ir para a capital, cursar faculdade,  escrever contos e já se antevê entre os mais importantes escritores da nossa Literatura.       

Na Rua 20 se ergue o majestoso Cine Capitólio. Na Rua 22, velho e humilhado, o Cine Ituiutaba fecha as cortinas e passará um período de reformas.      

(No confortável e moderno Cine Capitólio os cinéfilos tijucanos irão assistir, por anos a fora, importantes produções cinematográficas americanas, italianas, francesas. Mas as maiores bilheterias ficariam por conta de filmes brasileiros como “O Ébrio” de Vicente Celestino e “Tristeza do Jeca” de Mazaroppi).

A estréia do Cine Capitólio acontece nesse ano de 1.956, no dia 31 de março, sábado, com o filme “México dos meus amores”, um romance filmado no ano de 1.953, dirigido por Norman Foster.
Ainda em casa, uma hora antes da primeira sessão, o jovem Dimas Franco põe a sua melhor roupa para assistir o filme, sem saber, ainda, que num futuro distante iria receber o Troféu Premio Mérito Cultural, concedido pela ALAMI, como o mais importante cinéfilo de Ituiutaba.
      
Sobre o filme “México dos meus amores”:
Duração: 1 h, 43 minutos
Elenco: Ricardo Montalban, Vittorio Gassman, Yvone De Carlo, Cyd Charise   

Sinopse

A estória se passa em Columba, uma cidadezinha mexicana, onde uma bela jovem, Maria (Yvonne De Carlo), é mal vista apenas pelo simples fato de não fazer parte de alguma família ilustre. Mas a população não imagina que Alejandro Castillo (Vittorio Gassman), que pertence à família mais tradicional da cidade, é apaixonado por Maria. Paralelamente, por causa de uma tola rivalidade que existe entre Columba e Milpa Verde, dois jovens não podem declarar seu amor.





Um comentário:

  1. Amigo Enio,
    Lendo aqui as suas crônicas e a de outros colegas da ALAMI, emocionei-me muito com essa que fala da abertura do Cine Capitólio e inclui até meu amado pai, Dimas Franco. Eu ainda assisti filmes no Capitólio durante muitos anos - de minha infância à adolescência! Grande abraço e parabéns pela página.

    Edgar Franco

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