*Enio Ferreirta
“No cinema viajo longas terras, vejo, aprendo, adquiro em instantes uma experiência que em anos não poderia alcançar”
Rui Barbosa
México dos meus amores
O ano é 1.956. A década é de 50. Os anos dourados. A Europa, eufórica, se recupera das mazelas deixadas pela 2ª. Guerra Mundial. Tudo é bonito. A França dita a moda, a Itália atrai os turistas. As potencias, Estados Unidos e União Soviética, inventam a “charmosa” “guerra fria” e, isso inspira a imaginação dos cineastas que, então, aproveitam e saturam o mercado do cinema com os filmes de contraespionagem e ganham rios de dinheiro.
O Brasil vive a expectativa do governo J.K. Na cidade de Cachoeiro de Itapemirin um adolescente de 15 anos, Roberto Carlos, canta em programas de auditório e sonha em ir para São Paulo gravar um disco.
A nação ainda chora a Copa do Mundo perdida para o Uruguai. Com o placar de 7 a 1 o Santos vence o Corinthians de Santo André e um desses sete gols quem faz é o juvenil de 15 anos, Pelé, que daí a dois anos retornará da Suécia trazendo a taça Jules Rimet nas mãos e nos olhos o brilho da paixão pelas loirinhas suecas.
Ituiutaba ferve. O calor de 40 graus torna mais intenso o vermelho em nuvens de poeira. A fama de “a capital brasileira do arroz” atrai gente de várias regiões. Do Nordeste carradas de nordestinos chegam já contratados para as lavouras. Sob a sombra do ingazeiro, à margem esquerda do Rio Tijuco, no auge dos seus 15 anos, o menino Luiz pesca piabas, faz planos de ir para a capital, cursar faculdade, escrever contos e já se antevê entre os mais importantes escritores da nossa Literatura.
Na Rua 20 se ergue o majestoso Cine Capitólio. Na Rua 22, velho e humilhado, o Cine Ituiutaba fecha as cortinas e passará um período de reformas.
(No confortável e moderno Cine Capitólio os cinéfilos tijucanos irão assistir, por anos a fora, importantes produções cinematográficas americanas, italianas, francesas. Mas as maiores bilheterias ficariam por conta de filmes brasileiros como “O Ébrio” de Vicente Celestino e “Tristeza do Jeca” de Mazaroppi).
A estréia do Cine Capitólio acontece nesse ano de 1.956, no dia 31 de março, sábado, com o filme “México dos meus amores”, um romance filmado no ano de 1.953, dirigido por Norman Foster.
Ainda em casa, uma hora antes da primeira sessão, o jovem Dimas Franco põe a sua melhor roupa para assistir o filme, sem saber, ainda, que num futuro distante iria receber o Troféu Premio Mérito Cultural, concedido pela ALAMI, como o mais importante cinéfilo de Ituiutaba.
Sobre o filme “México dos meus amores”:
Duração: 1 h, 43 minutos
Elenco: Ricardo Montalban, Vittorio Gassman, Yvone De Carlo, Cyd Charise
Amigo Enio,
ResponderExcluirLendo aqui as suas crônicas e a de outros colegas da ALAMI, emocionei-me muito com essa que fala da abertura do Cine Capitólio e inclui até meu amado pai, Dimas Franco. Eu ainda assisti filmes no Capitólio durante muitos anos - de minha infância à adolescência! Grande abraço e parabéns pela página.
Edgar Franco