quarta-feira, 20 de março de 2013

O medo, de um sobrevivente, picado por um mosquito...

Wilter Furtado
               Esta estória, tem que ser contada logo, senão ela pode morrer, juntamente com o único sobrevivente de tantas tragédias. Aconteceu em "Bobil", um País longínquo, habitado por um povo feliz. Naquele País, existiam vários hospitais públicos, com verbas do dinheiro do povo, suficientes, permitindo-lhes, sempre, ampliação e modernização de equipamentos, UTIs, instalações, ambulâncias, fornecimento de medicamentos, e; sobretudo, servidos por profissionais extremamente capacitados, em todas as especialidades médicas. Todos os profissionais, trabalhavam em horários humanamente suportáveis, eram bem remunerados, e também, muito felizes. Atendiam, e assistiam toda população, principalmente a população carente, rigorosamente em tempo e hora, marcados, com requintes de riqueza, atenção, respeito à vida e à dignidade humana. Todos eram iguais, como previa, a Constituição do "Bobil"!
               É bem verdade que aqueles hospitais, jamais estavam lotados, porque as políticas educacionais, de investimentos, de saneamento básico e de infraestruturas, de saúde preventiva e de pesquisas, eram tão efetivas, que pouca gente ficava doente. Quando ficavam, não eram casos complicados. Ah! aqueles hospitais, eram dirigidos por administradores, profissionais de carreira, sem vinculação política. Suas gestões, eram auditadas, as contas eram transparentes, e publicadas com regularidade. Mas, de repente, tudo estava ficando muito sem graça, porque a saúde daquele povo, era tratada, apenas como saúde, e com seriedade. Depois de muitas reuniões de bastidores, os políticos concluíram que ninguém, se não fosse político, conseguiria discutir a saúde, com tanta eloquência, sabedoria e convicção. A saúde, é coisa muito chata, quando não é tratada como campanha política, ou fonte de dividendos políticos. E assim, a saúde, no "Bobil", não resistiu aos sinais de modernidade. Precisava ser "socializada" e potencializada, como fator político. Precisava ser transformada, em projeto do poder.
               Foi ai, que a primeira desgraça, abateu-se sobre "Bobil". Contrariando a própria Constituição, a decisão política foi de "socializar" a saúde, para atender - leia-se, dominar - apenas, as classes pobres da população. O resto da população, que "se dane"! Para isso, criaram um tal de SUS - "Sistema Único da Safadagem", substituindo a educação, os investimento em infraestruturas, o saneamento básico, e tantos outros programas. Era um belo e enorme projeto, e que só os políticos saberiam gerir. E isso foi feito, substituindo os hospitais, criando-se inclusive, uma aproximação maior do político, com as classes menos favorecidas através dos P.S - "Prontos Sofrimentos", também geridos por políticos. Afinal, quem deve ficar mais próximo do povo, a saúde, ou os políticos? A partir daí, as verbas, embora maiores, já não eram suficientes. Os hospitais foram sucateados, os profissionais da saúde foram desvalorizados e desestimulados, ficando sem condições de trabalho. Era um palco de horrores. Faltavam remédios, e o que se via, cotidianamente, eram cenas horríveis de pessoas moribundas, espalhadas nos corredores; eram pavorosos, os ais, e os alaridos, de corpos contorcidos e desprotegidos, a espera de uma vaga, de um médico, de uma cama, e de um alivio para a dor da doença. Era chocante!          
               As coisas foram piorando, e o povo não tinha mais, disposição para trabalhar. Era melhor, ficar doente e assistido. As cidades, se transformavam-se em montanhas de lixo, que sem espaços adequados, ou providências enérgicas, foram se espalhando, para os terrenos baldios de especuladores, e; para o entorno das periferias, rumo à zona rural. Novas doenças surgiram, e espalharam-se rapidamente, agora, sem limites territoriais. Abria-se assim, espaços, para o primeiro ataque, de um exército de mosquitos invasores, denominado carinhosamente de "exército dengoso". Esse narrador, como a maioria da população, não conseguiu ficar ileso, da sensação de que poderia morrer, sofrendo, por dias e dias, dos terríveis efeitos daqueles ataques. Por Deus, e com a ajuda de um único defensor, chamado Tylenol, sobreviveu.
               Dai para frente, as desgraças espalhadas pelo "exército dengoso", não pararam de acontecer, principalmente nos períodos chuvosos. O "dengoso", já não teme mais, o único tanque existente no País para combatê-lo, conhecido como "Fumacê". Onde tem fumaça, é sinal de que tem fogo! Mais uma vez, esse narrador, impotente, desprotegido, sem saber como se defender, foi novamente atingido. Mais sofrimento, mais tensão, mais medo. Está apavorado! O medo maior, agora, é de que esse "exercito" de mutantes, construa, já no próximo ataque, e antes de efetivas ações dos políticos, resistências ao único herói nacional, Tylenol.  Quem, irá continuar a estória, do "Bobil" ?       
Wilter@com4.com.br    

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