domingo, 30 de dezembro de 2012

Tempo






TEMPO
(Arth Silva)

Já reparou em como o tempo passa e você nem vê? É como aqueles erros em filmes que quando te contam, você liberta um leve sorriso preso nos lábios e se pergunta: Como não vi isso antes?
Assim é o tempo, só nos damos conta dele quando já passou.
Quando você vê que seu Beatle preferido era o John e agora é o Paul. Quando você nota que a foto da sua carteira de identidade não se parece mais com você. (será falsificada?). Ou quando você destila a fatídica frase: No meu tempo era melhor.

Sempre digo que, se as fotos são o registro do corpo, a memória é a fotografia da alma. Tente relembrar um momento da sua vida. Lembrou? Reparou que você não se lembra necessariamente de uma imagem física, e  sim de um sentimento, de uma sensação? Há, você está novamente tentando se lembrar, só que agora fixando em detalhes. Não conseguiu, se conseguiu é a esquizofrenia se apoderando de você. Enfim. Acho que a lembrança é a única que enxerga realmente o tempo.

Quando crianças, pensávamos que o tempo era tão devagar, hoje ele parece mais rápido e amanha ele correrá mais que um keniano em prova de atletismo. A verdade é que quanto mais velhos, mais o tempo será breve. Para um cara de trocentos bilhões de anos, uma eternidade de evoluções químicas é realmente míseros seis dias e o dia de descanso deve estar durando até hoje. Mas se você ainda é daqueles que dizem que o tempo agora está passando rápido demais, entre em uma fila de banco que você irá mudar de ideia.
Olhando amigos e parentes, notamos que muitos mudaram completamente, outros parecem iguais, alguns se foram, outros ficaram.  Muitos que eram tão importantes para nossa vida, hoje estão mais sumidos que a mãe da Chiquinha. A maioria tatuou rugas sob os olhos, exceto aquela sua colega que você morre de inveja, mas não admite. No fim você se dá conta que não está sozinho. O tempo é contagioso, estamos todos envelhecendo. Somos feitos de tudo aquilo que sentimos, ouvimos, vemos, provamos e vivemos.

Para finalizar, certa vez li um sábio pensamento de um poeta conterrâneo (Eder Asa) que resume tudo o que eu disse aqui, no pensamento ele dizia: “Tempo logo existo”.
Reflita sobre isso enquanto ainda há tempo, antes que o ponteiro lhe empurre para o fim desse relógio.

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2 comentários:

  1. interessante esse asunto do rempo, principalmente, da nossa idade. eu tenho um amigo que nos tempos que ele tinha 60 anos vivia diminuindo para 50 e poucos, hoje ele já tem oitenta e diz isso com o peito estufado, acontece que agora quantos mais anos fizer mais ele estará vivendo.

    bela crônica, arth!

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  2. Obrigado Enio! Eu estava parado com as crônicas ha um bom tempo, foi bom retornar e contribuir para essa importante página virtual da cultura tijucana.
    Espero sempre poder contribuir com o blog.

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